domingo, 24 de abril de 2016

Resenha: Os senhores de Roma: César

Resenha - Os senhores de Roma: César 

Título: Os senhores de Roma: César 

Autor: Allan Massie 

Páginas: 302

Editora: Ediouro 

Lançamento: 2000

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "Neste magnífico romance histórico de Allan Massie, César surge a partir do olhar de um de seus mais diletos companheiros, Decimus Junius Brutus Albinus. Frente à morte iminente, à espera de sua execução, como que para justificar seu gesto ante a posteridade, Brutus relembra os momentos cruciais que viveu ao lado de César, de cujo assassinato acabou participando. "Até tu, meu filho", foram as últimas palavras do incrédulo ditador, ao ver, dentre seus assassinos, aquele de quem fora mentor e em quem tanto confiava."

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     "Uma obra-prima do romance histórico", afirmou Gore Vidal. E eu não discordo. Sob a perspectiva de um dos conspiradores da morte de César, Décimo Bruto, o livro envereda pela Roma de anos antes de Cristo. Mostrando-nos como ela funcionava e como era a vida de figuras históricas como César, Marco Antônio,  Cícero, Otávio - mais tarde Augusto -, e até mesmo Cleópatra. Massie conseguiu retratar o cotidiano dos romanos, os costumes, as referências à religião e, acima de tudo, o patriotismo, o amor à República e ao Senado, o que fora motivo de muitas guerras e batalhas.

     A história é bastante conhecida; um militar romano que consegue se tornar imperador por conta de esquemas políticos e, ao final (idos de março) morre pelas mão de seu fiel companheiro Brutus. Caio Júlio César era um homem egocêntrico, antipático quanto ao modo de pensar de outras pessoas, insensível quanto às memórias do passado e principalmente maquiavélico. Mas não se pode negar que ele era um gênio. Soube entender e dominar as massas, fazendo-os acreditarem que ele era quase como um deus - e ele próprio também acreditava nisto. Sedutor, teve todos os companheiros e companheiras que desejou. No entanto, teve que pagar com a própria vida sua desmedida ambição, e seu governo ditatorial durou somente 4 anos.

""Conhece-te a ti mesmo" - é a soma da sabedoria oferecida pelos filósofos, e poucos de nós nos conhecemos, ainda que superficialmente. Talvez seja esta a sabedoria maior. Pois nesta revelação a mim outorgada, da forma de união que eu desejava, eu soube, mesmo pulsando de impaciente luxúria, que me rendia a uma parte de mim mesmo, talvez ao mais profundo da minha natureza, que me tornaria objeto de escárnio e desprezo de todos os homens virtuosos. Eu me senti horrorizado com o que aprendi sobre o meu próprio caráter, mas era inevitável que, com os colhões em fogo, me apresentasse aquela noite na casa dela."

Os senhores de Roma: César - pág. 72

     Mas a história do Ditador Perpétuo é mais fascinante ainda. Diz uma lenda que César, em seu nascimento, era tão grande que o ventre de sua mãe teve que ser rasgado para que ele não morresse. Surgia, então, a cesariana. Eis a primeira marca de um predestinado. Hoje, até o mais simples afazer de qualquer indivíduo do Ocidente está à sua sombra. Acordamos, trabalhamos e vivemos sob influência desse homem capaz de ser tão implacável quanto conciliador. A contagem dos nossos dias provém do calendário Juliano, uma das adaptações que Júlio César implementou para que as datas comemorativas dedicadas aos deuses estivessem em harmonia com as estações climáticas do ano.

     Por se tratar de memórias, o livro é, de certa forma, parado e cansativo. Dito isto, demorei mais que o normal para lê-lo. Acreditei que as batalhas seriam detalhadas, mas não ocorreu.

"Se perguntassem por quê, eu não saberia responder ao certo. Quando leio os escritos dos historiadores, me espanta a certeza com que eles afirmam o motivo das ações. É curioso que saibam coisas assim, quando poucos poderiam dizer com igual certeza por que se apaixonam por uma mulher ou por um rapaz."

Os senhores de Roma: César - pág. 23

     A escrita do Allan Massie é bastante leve e agradável, e ele acertou em cheio ao retratar à sua maneira as intrigas, paixões arrebatadoras, sexo, guerras e campanhas políticas e militares. Não tenho muito o que reclamar da 4° edição, muito embora tenha achado alguns erros. Aprovei a capa e a diagramação. Não segue muito o que costumo ler, mas gostei bastante. Através dele podemos entender um pouco melhor a história de Roma e abrangentes.

     Recomendo para quem gosta de história, quem quer uma leitura diferente e inovadora, ou simplesmente um passatempo que acrescente algo a mais.

TOP FRASES 

"Jamais confiei num homem surdo à poesia."

"Que coisa estranha é o amor, esta palavra que empregamos normalmente como eufemismo para o desejo sexual." 

"Somos atraídos pelo que nos aterroriza e nos repugna."

"A verdade é, como sempre, complicada: jamais podemos recapturar nossas emoções exatas e a evocação de eventos passados é sempre colorida pelo que aconteceu desde então."

"Olhe as estrelas, Ratinho, olhe as estrelas! Fixe o olhar nas estrelas! Há uma regra de ouro na vida e na política. O homem que esquece as estrelas não é favorecido pelo Destino. Está fadado a combates miúdos, capaz apenas de uma visão curta das coisas. As estrelas são minhas amigas, Ratinho! Diante da tentação de desesperar, basta contemplar uma noite como esta para recobrar o tom de equilíbrio e confiança da mente. Serenidade..."

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

Resenha por: Marcela Carvalho

Resenha: Em Busca das Borboletas- Volume I

Resenha - Em Busca das Borboletas - Volume I 

Título: Em Busca das Borboletas - Volume I 

Autor: Margarida Pizarro 

Páginas: 444

Editora: Chiado (Parceira)

Lançamento: 2014

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "Maria Mendes, é uma luso-americana apaixonada por moda que decide mudar-se para Nova York em busca dos seus sonhos.
Inseparável das suas melhores amigas Joan e Alicia, Maria vive uma amizade com laços profundos impossíveis de ser quebrados, onde as suas vidas entrelaçam-se em momentos lindos e hilariantes.
O seu mundo aparentemente perfeito e de paz é alterado quando conhece o sexy e irresistível futuro candidato a Mayor, Dale Sloan. Sem conseguirem evitar, apaixonam-se perdidamente vivendo uma intensa história de amor.
Mas as diferenças entre os seus mundos podem ameaçar a sua felicidade, manchando com dúvidas o futuro a dois que eles tanto ansiavam viver. Será que o amor vence todas as barreiras?
Um romance que nos faz entrar, ao mesmo tempo, no mundo mágico da moda e na realidade viciante da política americana. Alegria, drama, ação, suspense, diversão, paixão e muito amor numa história mágica que nos leva a rir e a chorar."

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     A princípio, gostaria de falar acerca da capa, que foi o que mais me chamou a atenção juntamente com o pretensioso título. Ambos são fofos e sobretudo, apropriados. Dizendo-nos muito sobre a estória. 

     Maria Mendes é uma Portuguesa de 22 anos apaixonada por moda que acaba indo morar em Nova York visando o seu maior sonho que é trabalhar no ramo da moda. Relativamente rápido ela o alcança, conseguindo um emprego na famigerada revista Fashion, e melhor ainda: ao lado de sua querida amiga Alícia.

     A amizade é algo marcante neste livro, e demasiadamente valorizada. As melhores amigas da Maria são Alícia e Joan, e juntas elas formam As três mosqueteiras - apelido esse dado por elas próprias. Alícia é aquela amiga louca e inconsequente que todo mundo tem, que sabe aproveitar deveras o momento, naturalmente sincera, companheira e engraçada, contagiando o mundo à sua volta com seu carisma e bom-humor. A protagonista é a Maria, mas Alícia sem dúvidas roubou todas as cenas. Dito isso, elego-a como minha personagem preferida. Joan é mais pacífica, responsável e carinhosa, fazendo muitas vezes o papel de cupido da Maria. A amizade das três é verdadeira, apaixonante e altamente invejável. 

"As minhas mosqueteiras eram o meu cantinho de céu. Ali ficámos na conversa, como sempre, esquecendo o mundo à nossa volta. Era sempre assim quando nos juntávamos. Sentia que, com elas, conseguia esquecer o mundo e os problemas à nossa volta, pois a forma como partilhávamos os nossos momentos era tão verdadeira e tão intensa que nos levava a sentir que, ali as três juntas, tínhamos o nosso porto de abrigo."

Em Busca das Borboletas - Volume I - pág. 342

     Introduzida na revista Fashion, ela conhece o diretor de Recursos Humanos denominado Alan, chamado por todos de "deus grego", tendo em vista sua excepcional beleza e charme. Eles iniciam um relacionamento polêmico, mas que logo chega ao fim, pois Maria percebe que sente por ele nada mais que carinho e admiração.

      Não tardando ela conhece o irresistível Dale Sloan, filho do Senador, em pleno casamento de sua mosqueteira Joan. Mesmo com os obstáculos que a vida tenta os impôr eles dão início a um namoro, e Dale logo se torna seu bad boy. Dale carrega toda uma fama de mulherengo, e, além disso, eles precisam lidar com as intervenções de invejosos, desentendimentos com o Senador e a vida política de Dale. E é aí que ficamos apreensivos para saber se o amor de ambos é capaz de superar todas as barreiras.

     Notoriamente um romance clichê, Em Busca das Borboletas traz as evidências de um primeiro amor arrebatador e fofo, sendo de todo simples. Não há nada de extraordinário, e isso fez com que eu o amasse em alguns momentos, e o odiasse em outros. 

"Batemos com o olhar ardente e apaixonado um do outro e percebia naquele instante que aquele ia ser o momento pelo qual sonhei toda a minha vida e eu sabia que, acontecesse o que acontecesse, ele era o homem certo no momento certo. Eu queria entregar-me verdadeiramente e de uma forma completa àquele homem, o homem por quem eu estava perdidamente apaixonada pela primeira vez. E assim o fiz. Entreguei-me de corpo, porque de alma já me tinha entregado desde o primeiro dia que o conhecera." 

Em Busca das Borboletas - Volume I - pág. 234 

     Os personagens masculinos tem o mesmo padrão: todos são incrivelmente lindos, charmosos, ricos e irresistíveis. Não há muita diferença entre Alan, Dale, Harry (namorado da Alícia, tendo se conhecido também no casamento) e Thomas (marido da Joan). Já as mulheres seguem os estereótipos do gênero feminino: são totalmente femininas, apaixonadas por moda, maquiagem e compras, delicadas e preocupadas totalmente com a beleza. Outra coisa que também me incomodou foi o machismo inerente em algumas partes da estória, como por exemplo num almoço familiar onde os homens jogam cartas enquanto as mulheres cuidam da cozinha, ou outra ocasião onde os homens conversam despreocupadamente enquanto as mulheres põe a mesa.

     Maria Mendes é uma personagem carismática, extremamente bonita, sensível, simpática, teimosa, envolvente e bem construída, mesmo em alguns momentos eu tendo achado algumas atitudes dela hipócritas. 

     Margarida Pizarro enriqueceu o livro ao pôr sempre músicas como espelho dos acontecimentos e sentimentos dos personagens, sejam elas Portuguesas, Brasileiras, Americanas ou tantas outras. Isso me agradou muito. A autora descreve detalhadamente os modelitos dos personagens, pondo inclusive as marcas e tudo o mais, o que pode ser maravilhoso para quem se encanta por moda. 

     O final foi bem pensado e de deixar qualquer um morrendo de curiosidade, querendo ler o Volume II imediatamente - como eu me encontro agora, por sinal. 

     A escrita dela é extremamente fluída, daquelas que faz-nos surpreender pela quantidade de páginas lidas em pouco tempo. Embora tenha 444 páginas, é um livro que pode ser lido rapidamente. Em nenhum momento tive que recorrer a dicionários ou ao Google por conta da linguagem  - português de Portugal -, e alguns termos podem ser assimilados facilmente de acordo com o contexto. 
     
     Em Busca das Borboletas é simples, fofo e que acima de tudo valoriza felizmente a família e a amizade, dando-nos lições sobre estes. A edição está agradável e confortável para leitura, o tamanho das letras e as folhas amareladas também, contendo poucos erros, como falta de espaçamento em alguns locais específicos.

     Recomendo para quem gosta de romances clichês, moda e leituras simples, mas que te prendem à estória e aos personagens. 

TOP FRASES

"A felicidade é como uma borboleta que, quando perseguida, foge das tuas mãos. Mas pode pousar no teu ombro se ficares quieto e imóvel. Às vezes, parece que o destino nos vira a vida do avesso de repente, mas e se o avesso for o nosso lado certo? Eu descobri o meu certo contigo..."

"Nós nunca vamos amar ninguém simplesmente porque queremos. O amor é algo espontâneo que nos apanha quando menos esperamos."

"Tu precisas de um homem que te faça apaixonar perdidamente, que te leve numa aventura, que te leve a arriscar sem olhar para trás e que, acima de tudo, provoque em ti um amor incondicional que faça com que tu queiras trocar o mundo por ele."

"Dizem que as coisas boas vêm com o tempo, mas, para mim, as melhores vêm de repente quando menos esperamos..."

"O Segredo é não correr atrás da borboleta. É cuidar do nosso jardim para que elas venham até nós."

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

*O livro nos foi concedido pela Chiado Editora, nossa primeira parceira.
Resenha por: Marcela Carvalho.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Resenha: Eleanor & Park

Resenha Eleanor & Park
 

Título: Eleanor & Park (Eleanor and Park)

Autor: Rainbow Rowell

Páginas: 328

Editora: Novo Século 

Lançamento: 2014


UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "Eleanor & Park é engraçado, triste, sarcástico, sincero e, acima de tudo, geek. Os personagens que dão título ao livro são dois jovens vizinhos de dezesseis anos. Park, descendente de coreanos e apaixonado por música e quadrinhos, não chega exatamente a ser popular, mas consegue não ser incomodado pelos colegas de escola. Eleanor, ruiva, sempre vestida com roupas estranhas e “grande” (ela pensa em si própria como gorda), é a filha mais velha de uma problemática família. Os dois se encontram no ônibus escolar todos os dias. Apesar de uma certa relutância no início, começam a conversar, enquanto dividem os quadrinhos de X-Men e Watchmen. E nem a tiração de sarro dos amigos e a desaprovação da família impede que Eleanor e Park se apaixonem, ao som de The Cure e Smiths. Esta é uma história sobre o primeiro amor, sobre como ele é invariavelmente intenso e quase sempre fadado a quebrar corações. Um amor que faz você se sentir desesperado e esperançoso ao mesmo tempo." 

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     Eleanor & Park faz exatamente o tipo de romance que eu gosto: os protagonistas não são perfeitos - fogem dos padrões da nossa sociedade -, não tem um vida nem uma família perfeita, eles não se apaixonam à primeira vista, e, apesar de o foco ser o amor entre os dois, o livro abre espaço para muitos outros assuntos.

     Eleanor é uma personagem excêntrica; ruiva, cabelos rebeldes, roupas masculinas e nada combinando, sapatos desgastados, gravatas como prendedor de cabelo, considera-se gorda - não pude identificar se era uma distorção da sua imagem por consequência das roupas largas ou se ela era realmente gorda. Sua aparência esquisita se deve à decadência financeira, pois ela vive com mais 4 irmãos mais novos, o pai não liga para eles, e desde que a mãe se separou dele, eles estão vivendo com Richie, o novo namorado da mãe.

"Não só por ser uma pessoa nova ali, mas por ser grande e esquisita. Com cabelo bagunçado, bem ruivo, além de cacheado. E se vestia como se... Como se quisesse que as pessoas ficassem olhando. Como se não sacasse que estava um desastre completo. Usava camisa xadrez masculina, meia dúzia de colares estranhos pendurados em volta do pescoço e lenços amarrados nos pulsos. Fez Park pensar num espantalho ou nas bonequinhas das preocupações que ficavam na cômoda da mãe. Enfim, do tipo que não conseguiria sobreviver no colegial."

     Park, por outro lado, é um mestiço descendente de coreanos, amante de HQ's e música, que prefere ficar "invisível" na escola para sobreviver ao Ensino Médio. No primeiro dia de aula, mesmo a contra-gosto, Park permite que Eleanor sente-se ao seu lado no ônibus, e logo percebe que a menina está sempre espiando seus quadrinhos com o canto dos olhos. A partir daí, todo dia ele deixa uma pilha de gibis no assento ao seu lado para que a menina leia e os entregue no dia seguinte.

     Num certo dia Park decide finalmente puxar assunto, e eles percebem mais uma coisa em comum: a paixão por bandas daquela época. Entre dificuldades e singularidades o amor dos dois cresce à medida em que vão se conhecendo melhor. O que nos garante muitos momentos de fofura.

     Ambientado no ano de 1986, o livro é repleto de referências à cultura pop da década de 80 e a histórias em quadrinhos. No primeiro momento achei que a diferença de época seria um problema, mas não houve problema algum; é interessante ver que os jovens de outrora possuíam os mesmos conflitos internos e externos dos atuais.

     Mas Eleanor & Park não nos apresenta apenas as evidências de um primeiro amor. Além da miséria em que a família da garota vive, chegando a não terem escovas de dentes, telefone ou xampu e condicionador, Eleanor ainda tem um padrasto violento e extremamente machista, que bate na mulher e a trata como uma completa submissa tanto na frente das crianças como a sós, acresce que é potencialmente um estuprador. Odiei o babaca do Richie da primeira à última página. Pior personagem, sério. Ele já chegou a expulsar Eleanor de casa e ela teve que passar 1 ano na casa de uns conhecidos da família. O livro tinha grande potencial para tratar mais profundamente a questão da violência doméstica e abuso sexual, porém não foi o que aconteceu. A autora deixou muitas lacunas e retratou essas violências de uma forma que o leitor acaba pondo a culpa na vítima, quando na verdade a vítima nunca é a culpada.

"Como ele olha para mim.
Como se espreitasse.
Não como se me quisesse. Como se esperasse a hora certa. Quando não houver mais nada nem ninguém para destruir.
Como ele espera por mim.
Sabe de tudo que faço.
Como está sempre por perto. Quando estou comendo. Quando estou lendo. Quando estou penteando o cabelo.
Você não sabe.
Porque eu finjo não saber."

     A narrativa acontece em terceira pessoa, alternando entre Park e Eleanor, e a Rainbow Rowell abusou da subjetividade, em momento algum as coisas são explicadas; ficamos somente nas suposições. Alguns podem achar válido e inovador, mas eu tive bastante raiva disso. Eu queria explicações, conclusões... Não esperava um final feliz, mas este final foi super fraco. Deixou-me decepcionada. A história exigia um final melhor, acabei enganada achando que ela explicaria algumas coisas no final. Não necessariamente tudo, mas ao menos algo.

     Outra questão marcante da história é o Bulliyng, presente numa boa parte do livro. Afinal, "Eleanor tem aparência suficiente para ser zoada." Há muitos personagens inertes, deixando-me com mais raiva ainda. Principalmente do Park, no início. Minha personagem favorita sem dúvidas foi a Eleanor, embora tenha ficado frustrada com ela por ter ignorado-o no final.

     Embora tenha vários espaços a serem preenchidos, Eleanor & Park foi uma leitura que valeu cada segundo. Este é um livro fofo, dramático, único, triste, e que me conquistou já nas primeiras páginas. A escrita da Rowell é simples, direta e fluida. Adorei a capa, certamente muito apropriada. Quero uma continuação de Eleanor & Park para já. 

     Recomendo para quem gosta do estilo Geek, de uma história marcante e fofa que te traz diferentes emoções, e, acima de tudo, de um livro singular, porém que pode retratar a realidade de muitas pessoas por aí.

TOP FRASES 

"Eleanor tinha razão. Não tinha boa aparência. Era como uma obra de arte, e arte não deve ter boa aparência, mas sim fazer a gente sentir alguma coisa."

"Era como se suas vidas fossem linhas que se entrecruzavam, como se gravitassem em torno um do outro. Geralmente, esse serendipismo lhe parecia a maior dádiva do universo."

"Porque Park era o Sol, e essa era a única explicação que Eleanor poderia dar."

"A família dele era praticamente os Waltons. Já a família de Eleanor se desajustara antes mesmo de chegar ao inferno. Ela jamais poderia ser aceita na sala de estar de Park. Nunca se sentiria aceita em lugar algum, exceto quando se deitava em sua cama e fingia ser outra pessoa."

"Ele parou de tentar trazê-la de volta. Ela só voltava quando bem entendia, em sonhos e mentiras e déjà-vus partidos."

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

Resenha por: Marcela Carvalho. 


     

     



Você se considera racista?

Você se considera racista?

     Olá, amores. Tudo na paz? Eu espero que sim. Hoje eu gostaria de fazer um simples questionamento para vocês. E é este aqui: Você se considera racista?

( ) Sim
( ) Não

Você já proferiu, pensou ou aceitou alguma dessas frases:

1 - Lugar de negro é na senzala. 
2 - Cabelo bom é cabelo liso.
3 - Ovelha negra da família.
4 - Gato preto é do mal.
5 - Não sou tuas negas.

Se sim: moço (a) você é racista.
Se não: moço (a) você não é racista.

     MINHA RESPOSTA 

      Eu dizia as frases 3 (referindo-se a mim mesma, apesar de ser branca), 4 (por brincadeira, para "zoar"), e a 5 (por estar tão acostumada com esta expressão).

     Mas o racismo também está incrustado nas pequenas coisas, e devemos estar atentos ao que sai de nossas bocas. Se pararmos para analisar, no meu caso o 3, 4 e 5: "Ovelha negra da família" remete ao fato de que tudo que é relacionado à negritude é "ruim", "impróprio" ou "imoral". Por exemplo: numa família inteira heterossexual, apenas uma pessoa é homossexual, portanto, ela é considerada a ovelha negra da família, pois para os padrões da família tradicional brasileira ela é uma pessoa esdrúxula e pecaminosa. Este exemplo é bem comum atualmente.

     Na 4°: "Gato preto é do mal", podendo também ser um símbolo de azar, segue a mesma linha de raciocínio do tópico anterior. Por que a cor de um animal influenciaria no jogo de sorte e azar? Quem pensa assim possui um pensamento bastante antiquado, diga-se de passagem. Sempre inventamos novas expressões que denegrem a minoria, e com o tempo elas vão se espalhando e tornando-se populares, até o ponto em que todos estaremos reproduzindo preconceitos mascarados de "brincadeiras". É de pequenas coisas que a opressão se fortalece. Mesmo sabendo que não tinha cabimento, eu continuava dizendo essa frase, afinal, estava na moda; "larga de ser brega, é só zoeira". No entanto, pasmem, até a zoeira tem limites. 

     Na 5°; "Não sou tuas negas", temos uma mescla de machismo e racismo. Essa frase é bastante usada da seguinte maneira; uma mulher é desrespeitada por um homem, sente-se indignada e diz: "me respeita que eu não sou tuas negas." Afirmando isso, fazemos alusão ao período da Escravidão, onde as escravas (negras) eram comandadas por seus senhores (brancos). Sendo assim, eles podiam fazer o que quisessem com elas - bater, xingar, estuprar -  que ainda estaria no direito deles. Percebem que mesmo sem querer alimentamos a cultura opressora?!

     Parece clichê e repetitivo alertar sobre o racismo nos dias de hoje, mas os resquícios da Escravidão e consequentemente do predomínio de uma etnia sobre a outra infelizmente ainda estão presentes em nossa sociedade, e demorará anos (talvez séculos) para alcançarmos a igualdade plena. O policiamento deve começar em cada um de nós, a partir do momento em que começamos a questionar atitudes aparentemente sem mal algum, percebemos que, como diria Shakespeare, "Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a tua vã filosofia."

     Da mesma forma que eu percebi o erro e mudei minhas atitudes, eu espero que vocês também percebam. Que enxerguem. E que também sejam capazes de ser seres humanos em constante mudança.


     Comentem suas opiniões que eu estarei disposta a ouvir. Beijão, até a próxima!

Post por: Marcela Carvalho.

Resenha: Pausa (Slammed)

Resenha Pausa (Slammed) 



Título: Pausa (Slammed)

Autor: Colleen Hoover 

Páginas: 304

Editora: Galera Record 

Lançamento: 2013

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "Destinados um ao outro, Layken e Will superaram os obstáculos que ameaçavam seu amor. Mas estão prestes a aprender, no entanto, que aquilo que os uniu pode se transformar, justamente, na razão de sua separação. O amor pode não ser o bastante.
Depois de testado por tragédias, proibições e desencontros, o relacionamento de Layken e Will enfrenta novos desafios. Talvez a poesia desse casal acabe num verão solitário… Sem direito a rimas ou ritmo. A ex-namorada de Will retorna arrependida de ter deixado o rapaz. E está disposta a tudo para reconquistá-lo. Insegura, Layken começa a ler novas reações no comportamento do rapaz. E na insistência para adiar a "primeira vez" de ambos.
Presos em uma ironia cruel do destino, eles precisam descobrir se o que sentem é verdadeiro ou fruto da extraordinária situação que os uniu. Será que é amor? Ou apenas compaixão? Layken passa a questionar a base de seu relacionamento com Will. E ele precisa provar seu amor para uma garota que parece não conseguir parar de "esculpir abóboras". Mas quando tudo parece resolvido, o casal se depara com um desafio ainda maior – e que talvez mude não só suas vidas, mas também as vidas de todos que dependem deles." 

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     Na continuação de Métrica, Pausa nos traz tudo que aconteceu na vida de Will e Lake após mais uma tragédia (!) ; o falecimento de Júlia (mãe de Lake). E dessa vez é tudo na perspectiva do Will. Confesso que de início não aceitei muito bem a troca de visão, mas depois percebi que isso foi um diferencial necessário e adscritivo.

     Agora o jovem casal encontra-se na mesma situação, e ambos fazem o máximo possível para lidar com todas as responsabilidades e sacrifícios que precisam enfrentar - contudo, mais unidos do que nunca.

"Se eu fosse um carpinteiro, eu construiria para você uma janela para minha alma. Mas eu deixaria a janela fechada e trancada, assim, toda vez que você tentasse olhar para ela... Tudo o que veria seria seu próprio reflexo. Você veria que minha alma, é um reflexo de você." 

Pausa - pág. 64

     Mas Júlia não os deixaria na mão, ela preparou uma surpresa para que o casal pudesse se orientar após a morte dela, e cada bilhete, cada frase... Encaixa-se tanto no momento e podem ser usados para qualquer ocasião da vida que deixa o leitor encantado. Colleen Hoover parece ser especialista em criar personagens cativantes, como se não bastasse Will, Kel, Caulder, Eddie e Gavin... A autora nos apresenta Kiersten (uma garotinha de 11 anos super inteligente e profunda que logo se torna amiguinha de Kel e Caulder e vai conquistando todo mundo aos poucos com seu jeito sincero e maduro para tão pouca idade), e Sherry (mãe da personagem anterior, tão fascinante quanto a filha e se torna notório a quem Kiersten puxou), as novas moradoras da vizinhança. 

       Pausa é mais descontraído que Métrica, e há uma alternância entre os momentos que exigem carga emocional e os momentos mais divertidos. Mesmo tendo havido uma melhora relevante na relação personagem/leitor, o livro não perde a leveza e simplicidade da série Slammed. E, pasmem, o que mais me agradou no livro como um todo foi a personagem Kiersten, porque simplesmente me vi nela e em suas filosofias - mesmo eu sendo apenas 2 anos mais velha.

"Ela diz que se todos falassem mais palavrões, eles deixariam de ser considerados palavrões e ninguém mais ficaria ofendido com eles... É mais como se ela estivesse nos incentivando a sabotar um sistema que é defeituoso por causa do uso exagerado de palavras interpretadas como xingamentos, quando na verdade são apenas letras misturadas, como qualquer outra palavra. É só isso que elas são, letras misturadas... E se algum dia alguém decidisse que "borboleta" é um palavrão?... A palavra mesmo não significa nada. É o sentido negativo que as pessoas associam a ela que a transforma. Então se a gente simplesmente decidisse continuar falando "borboleta" o tempo inteiro, as pessoas não ligariam mais."

Pausa - pág. 18/19 

     Vaughn, a ex-namorada de Will, acaba ficando na mesma turma da faculdade que ele, e então ela decide reconquistá-lo por ter tomado decisões errôneas no passado. Não tendo opção, para Will só resta ignorar suas investidas, mas chega um ponto em que isso não mais é possível e Lake descobre tudo - de maneira errada -, e daí por diante tudo vai por água abaixo. Os questionamentos e a indecisão começam a tomar conta dela, e Will precisa provar que a ama deveras.

     Achei o surgimento de Vaughn desnecessário, assim como uma última tragédia deixada para o final do livro. Ao concluir a leitura, só conseguia me perguntar: "quantas tragédias uma pessoa é capaz de aguentar?".

     Acredito que Métrica não precisava de continuação, já estava completo e belo o suficiente. Porém foi bom "rever" os personagens e a poesia Slam. Vale a pena.

     Recomendo para quem gostou de Métrica, para os amantes de romance e poesia, e quem procura uma distração rápida mas marcante.

TOP FRASES 

"O amor é a coisa mais bela do mundo. Infelizmente, também é uma das coisas mais difíceis de se manter, assim como uma das mais fáceis de se desperdiçar." 

"Amo você por causa de você. Por causa de todas as mínimas coisas que você é." 

"Eu precisava que ela me conhecesse de verdade, que compreendesse quem eu era antes de prosseguirmos. Enquanto ela assistia à primeira apresentação da noite, eu não conseguia tirar os olhos dela. Eu via o sentimento e intensidade com que ela observava o palco, e me apaixonei. Eu a amei todos os segundos desde então."

"Quanto mais você escreve, mais fácil fica. Quanto mais o escrever flui, menos preocupações. Não é para o colégio, não é para receber nota, é só para você colocar seus pensamentos para fora. Você sabe que eles querem sair. Então persista. Pratique. E escreva mal." 

"É como se você tivesse chegado e despertado minha alma."

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

Resenha por: Marcela Carvalho.

5 Livros de Drama que todo mundo deveria ler

5 Livros de Drama que todo mundo deveria ler 

     Olá, amores. Tudo na paz? Eu espero que sim. Sou completamente apaixonada por tudo que envolva drama, pois a dor dos personagens parecem mais reais e inexoravelmente você é tocado pela história. Portanto, neste post trago-lhes alguns livros do gênero dramático que todo mundo precisa ler, dentre tantos livros fantásticos eu tive que escolher apenas 5, segue a lista:

5 - Hamlet (William Shakespeare)

     "Falar de drama é falar de teatro", já dizia o ditado. Você certamente já ouviu falar de Hamlet; basta lembrar da famosa frase:  "Ser ou não ser? Eis a questão."

     O livro conta a indecisão do príncipe Hamlet e suas tentativas de vingar seu pai - o antigo rei - matando seu tio Cláudio, o qual supostamente envenenou o irmão para assumir o trono, subsequente casando-se  com a rainha. Mas não é só isso, ele também aborda temas polêmicos, tais como Incesto, Traição, Vingança e Insanidade.

     Apesar da escrita complexa de Shakespeare, após passar das primeiras páginas o leitor vai se adequando à leitura.

     "Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a tua vã filosofia." - Hamlet.

4 - As vantagens de ser invisível (Stephen Chbosky)

     O livro é passado através de cartas que Charlie manda para um amigo "oculto", nessas cartas ele conta um pouco de sua vida de maneira geral; seu dia-a-dia, seus novos amigos, o que acontecera na escola, descobertas da adolescência e muito mais. Tornamo-nos íntimos do personagem.

     "E nesse momento, eu juro. Nos somos infinitos." - As vantagens de ser invisível.

     Quer saber mais? Há uma resenha sobre ele aqui no blog ( http://aventurasleitor.blogspot.com.br/2015/01/resenha-as-vantagens-de-ser-invisivel.html?m=0 ).

     E lembre-se: "A gente aceita o amor que acha que merece." 

3 - Quem é você, Alasca? (John Green) 

     Meu livro preferido do John Green. 

     Ele conta a história de Miles Halter, um garoto antissocial decorador de últimas palavras, que decide ir para um internato em busca do seu Grande Talvez a fim de trocar sua vida pacata por novas aventuras. Lá ele conhece a misteriosa Alasca Young, e a garota faz com que sua vida mude para sempre. Também há personagens carismáticos que roubam a cena, como Coronel, Takumi e Lara.

     "Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então eu voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela, um furacão."

     Confere a resenha de mais uma obra maravilhosa do John Green: http://aventurasleitor.blogspot.com.br/2016/01/resenha-quem-e-voce-alasca.html?m=1

     Certamente você não irá esquecer-se desse livro tão cedo.

     "Passamos a vida inteira presos no labirinto, pensando em como vamos escapar dele um dia, e como vai ser quando fizermos isso, e imaginando o que o futuro guarda para nós, mas nunca conseguimos de fato sair. Só usamos o futuro para fugir do presente." 

2 - Os 13 Porquês (Jay Asher) 

     "Olá meninos e meninas. Quem fala aqui é Hannah Baker. Ao vivo e em estéreo. Sem promessas de retorno. Sem bis. E, desta vez, sem atender aos pedidos da plateia. Espero que vocês estejam prontos, porque vou contar aqui a história da minha vida. Mais especificamente, por que ela chegou ao fim. E, se estiver escutando essas fitas, você é um dos motivos."

     Hannah Baker é uma adolescente do Ensino Médio que, após uma série de acontecimentos e fatos, comete suicídio. E que motivos seriam esses? Ela deixa tudo registrado em sete fitas cassete, enumeradas de 1 a 13.

     Clay é um garoto da turma de Hannah que nutria uma secreta paixão por ela, Clay não poderia imaginar como estaria envolvido na morte da garota, até ele ouvir a fita destinada para ele.

     Os 13 Porquês é um dos livros mais sensacionais que já li, faz-nos repensar nossas atitudes, principalmente durante o colegial. Sem dúvidas único e marcante.

     "Ao me conscientizar de que ninguém sabia a verdade a respeito da minha vida, meus pensamentos sobre o mundo ficaram abalados.
Como se estivesse dirigindo por uma estrada acidentada e perdendo o controle do volante, sendo jogada - só um pouquinho - para fora da pista. As rodas levantam poeira, mas você consegue puxar o carro de volta. Mesmo assim, não importa que esteja segurando bem firme no volante, não importa o quanto esteja se esforçando para tentar guiar em linha reta, algo fica empurrando você para o lado. Você já não tem quase mais nenhum controle sobre nada. E, a certa altura, a luta se torna excessiva - cansativa demais - e você considera a possibilidade de largar tudo. De deixar acontecer uma tragédia… ou seja lá o que for."


1 - Menino de Ouro (Abigail Tartellin)

     Como uma boa amante de drama, foi difícil escolher o número 1. Não sei se por ser o primeiro livro a abordar a Intersexualidade, ou por eu ter me apegado bastante aos personagens, ou até mesmo por abrir espaço para tantos assuntos polêmicos (estupro, sexualidade, aborto, etc.) mas o escolhido foi Menino de Ouro.

     Max Walker aparentemente é o adolescente perfeito; inteligente, bonito, namorador, atleta, obediente, amigo e filho esforçado. Estaria tudo realmente perfeito, se ele não tivesse um segredo arrebatador... Max é um Intersexual, isto é, pessoa que nasceu com ambos os sistemas reprodutores, ou parte de um e de outro, ou o predomínio de um sobre o outro; grosseiramente falando um Hemarfrodita. Ele nasceu com as duas combinações de cromossomos: 46xx e 46xy. Max está entre os dois sexos, não é nem menina, nem menino - mas fora criado como sendo do sexo masculino. Até então ele não havia tido que lidar com a complexidade de sua condição, mas, pouco antes de seu aniversário de 16 anos, um acontecimento horrendo relacionado com uma das poucas pessoas que sabiam do seu segredo traz de volta tudo que ele e sua família estavam adiando.

     "As pessoas não sabem como tratar quando você é meio isso e meio aquilo. Eles acham que você vai fazer merda com a cabeça deles e corromper suas crianças e seus adolescentes... Coisas assim..."

     Emocionante, único, chocante, reflexivo e marcante.

      Confira a resenha aqui: http://aventurasleitor.blogspot.com.br/2016/01/resenha-menino-de-ouro.html?m=1 

     "Eu nunca havia pensado antes sobre como a vida é tão acidental, como ela pode ser tão fácil e rapidamente criada e se acabar de repente, no espaço de minutos. Isso me faz apreciar tudo muito mais, mas também me faz pensar sobre quanto do nosso destino é definido pelo acaso, e quantos pequenos acidentes tiveram que acontecer para me fazer o que e quem eu sou."

     E aí, já leu algum dos livros citados acima? Conta para gente o que você achou! Se não, corre para ler que vale muito a pena. Beijão, até a próxima!

Post por: Marcela Carvalho.

Resenha: Romeu e Julieta

Resenha Romeu e Julieta 

Título: Romeu e Julieta  (Romeu and Julieta)

Autor: William Shakespeare 

Páginas: 63

Editora: L&PM Editores 

Lançamento: 2011 (este ano diz respeito à publicação adaptada da coleção "É só o começo", e não aos escritos em si. Pois não se sabe ao certo o ano em que Shakespeare os escreveu).

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "Romeu e Julieta é uma das mais famosas histórias de amor da literatura. Ela se passa na cidade italiana de Verona, no século 16. Romeu Montecchio e Julieta Capuleto estão perdidamente apaixonados, mas há uma barreira que impede os dois jovens de ficarem juntos: suas famílias são grandes rivais e não permitem que eles se casem. Mas o ódio entre os Montecchio e os Capuleto não será suficiente para afastar Romeu de Julieta, nesta história que nos faz acreditar no amor eterno.

     O autor do livro é o maior escritor inglês de todos os tempos, William Shakespeare. Sua obra se tornou conhecida por tratar das grandes questões da humanidade como o amor, a inveja, o ódio e a sede pelo poder." 

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     Há muito tempo eu venho querendo ler Romeu e Julieta, a obra mais conhecida de Shakespeare. Do autor eu li apenas Hamlet - amo, a trama é fantástica -, mesmo sabendo a estória de cor e já tendo assistido ao filme, peguei Romeu e Julieta na biblioteca da escola e li assim que cheguei em casa, numa passada só.

     Embora sejam de dinastias rivais, os jovens encontram-se pela primeira vez numa festa realizada pelos Capuleto - família de Julieta -, à qual Romeu não foi convidado e entrou de penetra de olho numa outra garota. Mas, quando ele vê Julieta, a paixão arrebatadora nasce, tanto nele, quanto nela. Uma paixão instantânea.

     Entre encontros escondidos e brigas entre as duas famílias, o amor dos dois cresce e eles se encontram dispostos a fazer qualquer coisa para ficarem juntos, mesmo que isso ultrapasse as barreiras de ódio estabelecidas entre as dinastias.

"Nos seus olhos, eu vejo muito mais perigo do que em vinte punhais que eles possam carregar."

Romeu e Julieta - pág. 24

     Com a ajuda do Frei Lourenço, eles casam-se às escondidas. Depois disso é só conflito seguido de conflito. Não vou me estender no enredo, porque esta é uma obra mais que conhecida.

     Algumas coisas me incomodaram bastante:

1. Julieta tem 13 anos, Romeu por volta dos 18 ~pedofilia~. E em certo ponto do livro o pai obriga a criança a casar-se com Páris, igualmente mais velho que Julieta.

2. O machismo presente em boa parte do livro.

3. A edição adaptada cortou muitas partes importantes da estória, a sensação que eu tive foi de que estava lendo um resumo da obra.

     Entretanto, é preciso considerar o contexto histórico de Romeu e Julieta; a estória é passada no Século 16, onde as mulheres ainda eram muito subordinadas aos homens, muitas vezes sendo obrigadas a casar-se e tornar-se mãe antes dos 15 anos, sendo uma atitude considerada normal daquela época,  e os casamentos eram organizados puramente por interesse.

     Li o livro da coleção É só o começo da editora L&PM, onde ele é adaptado e restaurado para uma melhor compreensão do leitor. Para quem está começando a ler livros do gênero e não está acostumado com a linguagem rebuscada, a editora acertou em cheio. Porém, eu preferia o original. Quando li Hamlet, tive uma certa dificuldade no início, ainda mais por ser em formato de peça, mas depois me acostumei. Então, não tenham medo de Shakespeare. A linguagem dessa edição está super compreensível, tendo algumas observações desnecessárias, como por exemplo a do cupido. Também há ilustrações super fofas, e não está no formato de peça; está em prosa.

     Embora o final não tenha sido nenhuma surpresa, ainda assim foi maravilhoso. Demonstrando toda a genialidade de William Shakespeare. É tão comum, mesmo nos dias de hoje, ver amores sendo interrompidos por causa de limitações políticas, desaprovação dos pais, distância, etc. E não se trata apenas de uma dramática história de amor; o livro nos mostra até que ponto o ódio, a inveja e a sede pelo poder absoluto podem atrapalhar nossas vidas, resultando muitas vezes em tragédias. Quando há reconciliação, chega a ser tarde demais. Em consequência de desavenças políticas, Montecchio e Capuleto acabam perdendo seus bens mais preciosos; os filhos.

"Minha tristeza é não ter aquilo que ia fazer as minhas horas correrem depressa."

Romeu e Julieta - pág. 12

     O amor impossível dos jovens é passado num curto período de tempo - apaixonados desesperados - e dá para ler bem rapidinho, em duas horas, no máximo. Para maior conforto, as folhas poderiam ter sido amarelas.

     Gostei bastante desta leitura, apesar de tudo. As tragédias de Shakespeare são sensacionais. Recomendo para quem quer iniciar pelas obras de Shakespeare, para quem gosta de drama, teatro e amores impossíveis. E para quem não quer ler clássicos desse estilo por causa da linguagem rebuscada; É só o começo está aí para te ajudar. 

TOP FRASES 

"O amor é isso mesmo, o amor é transgressão."

"Aproveite para examinar o rapaz, como se ele fosse um livro, começando pela capa, que é o rosto dele, e que é bem bonito. Procure ver se no interior está escondida alguma coisa obscura. Só é bonito aquilo que guarda alguma coisa dentro de si."

"Só ri de uma cicatriz quem nunca foi ferido."

"Se amor é cego, nunca acerta o alvo."

"Você acha mesmo que o amor é uma coisa agradável, Mercúrio? O amor é duro e brutal. Fere como espinho."

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

Resenha por: Marcela Carvalho. 


     



quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Resenha: Métrica (Slammed)

Resenha Métrica (Slammed) 

Título: Métrica (Slammed)

Autor: Colleen Hoover 

Páginas: 304

Editora: Galera Record 

Lançamento: 2013

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "O romance de estréia de Colleen Hoover, autora que viria a figurar na lista de best sellers do New York Times, apresenta uma família devastada por uma morte repentina. Após a perda inesperada do pai, Layken, de 18 anos, é obrigada a ser o suporte tanto da mãe quanto do irmão mais novo. Por fora, ela parece resiliente e tenaz; por dentro, entretanto, está perdendo as esperanças. Um rapaz transforma tudo isso: o vizinho de 21 anos, que se identifica com a realidade de Layken e parece entendê-la como ninguém. A atração entre os dois é inevitável, mas talvez o destino não esteja pronto para aceitar esse amor."

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     Li uma resenha de Métrica por acaso, não gostei da capa e logo achei que a história seria desinteressante pela sinopse, no entanto, decidi dar uma chance ao livro por abordar a poesia Slam. Nunca tinha lido nada da autora em questão então não sabia muito o que esperar. O título do livro que me chamou a atenção.

     Baixei-o em pdf e li em dois dias; dada a surpresa que foi a história. 

     Layken é uma garota de 18 anos que acabara de perder o pai numa morte repentina, para conseguir se sustentar financeiramente ela, a mãe e o irmão de 9 anos se mudam para o Michigan, deixando sua cidade natal - Texas - e todas as lembranças do que outrora fora uma família feliz para trás. Ela precisa ser forte para dar o apoio de que seus parentes devastados e falidos precisam. Mas, no fundo, ela também está do mesmo jeito.

     A personagem me irritou bastante; principalmente com suas atitudes imaturas. Mas, no decorrer do livro, observamos o crescimento dela e a compreendemos.

"Não foi a morte que deu um murro em você, Layken. Foi a vida. A vida acontece. Merda acontece. E acontece muito. Com muita gente."

     Sua vida está de cabeça para baixo e infeliz, até o momento em que ela conhece, por causa da imediata amizade de seus irmãozinhos, Will Cooper, um homem sensível, gentil, prestativo e muito atraente. Colleen Hoover não nos poupa do clichê e logo surge a paixão instantânea e eles descobrem que tem mais coisas em comum do que imaginam.

     Métrica é uma montanha-russa de emoções e sentimentos, e à medida em que achamos que finalmente está tudo bem, o livro dá uma reviravolta e surge uma avalanche de novas emoções. A história de vida dos personagens é tristemente impactante, cada um deles nos dá uma lição sincera e profunda e nos pegamos refletindo, desejando abraçar cada um deles e dizer que está tudo bem. Caulder e Kel são responsáveis por muitas fofuras, e é impossível não se apaixonar.

     Talvez a maior surpresa que tive foi a abordagem inovadora da poesia Slam, que, segundo o Google: "Basicamente, slams ou poetry slams são encontros de poesia falada (spoken word) e performática, geralmente em forma de competição, onde um júri popular, escolhido espontaneamente entre o público, dá nota aos slammers (os poetas), levando em consideração principalmente dois critérios: a poesia e o desempenho." Daí que surgira o título original. Para os amantes de poesia - isso me inclui - foi simplesmente fantástico; os poemas são honestos e marcantes, tendo a diversidade e liberdade como seu registro.

"E daí? E daí que a dor sobre a qual você escreveu ano passado não é o que você está sentindo hoje? Pode ser exatamente o que a pessoa na primeira fila está sentindo. O que você está sentindo agora, e a pessoa a quem suas palavras talvez afetem daqui a cinco anos - é por isso que se escreve poesia."

     É preciso dizer que a escolha de músicas da banda The Avett Brothers iniciando os capítulos e sendo uma delas a trilha sonora do livro tornou tudo mais rico. Acabara sendo inevitável não se comover e apegar-se a Will, Eddie - uma personagem extraordinária -, Caulder e Kel.

     A maneira que a Hoover escreve é simples, mas de uma sensibilidade e subjetividade impressionantes. E é claro que vou pesquisar sobre as outras obras dela.

     Métrica é uma trilogia, portanto em breve terá uma resenha sobre o segundo livro, denominado "Pausa", aqui no Blog.

     Recomendo para quem gosta de poesia, quem procura um livro simples e marcante, e para os fãs de romance - preparem os lenços!

TOP FRASES 

"As pessoas vivem tomando decisões espontâneas com base no coração. Mas os relacionamentos têm a ver com com muitas outras coisas, não só com amor."

"Se eu sentir uma dor apenas um por cento mais forte do que a que já sinto agora, abdico do amor. Não vale a pena."

"Amplie seus limites, Lake. É para isso que eles existem."

"Olho para todas as casas ao longo da rua. Todas são tão parecidas que é inevitável ficar pensando nas diferenças de cada uma dessas famílias. Será que tem alguém escondendo algum segredo? Alguém se apaixonando? Ou desapaixonando. Será que são felizes? Tristes? Será que estão com medo? Falidos? Carentes? Será que dão valor ao que têm? Será que Gus e Erica dão valor à saúde que tem? Será que Scott dá valor à renda extra dos aluguéis? Porque tudo isso, toda ínfima parte, tudo é passageiro. nada é permanente. A única coisa que todos temos em comum é o inevitável: todos morreremos um dia."

"O que as outras pessoas pensam de suas palavras não deve importar. Quando você está no palco, você compartilha um pedaço de sua alma. Não dá para pontuar isso."

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

Resenha por: Marcela Carvalho.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Resenha: O Símbolo Perdido

Resenha O Símbolo Perdido

Título: O Símbolo Perdido (The lost symbol)

Autor: Dan Brown 

Páginas: 443

Editora: Arqueiro 

Lançamento: 2009

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "Depois de ter sobrevivido a uma explosão no Vaticano e a uma caçada humana em Paris, Robert Langdon está de volta com seus profundos conhecimentos de simbologia e sua brilhante habilidade para solucionar problemas. Em O símbolo perdido, o célebre professor de Harvard é convidado às pressas por seu amigo e mentor Peter Solomon - eminente maçom e filantropo - a dar uma palestra no Capitólio dos Estados Unidos. Ao chegar lá, descobre que caiu numa armadilha. Não há palestra nenhuma, Solomon está desaparecido e, ao que tudo indica, correndo grande perigo. Mal'akh, o sequestrador, acredita que os fundadores de Washington, a maioria deles mestres maçons, esconderam na cidade um tesouro capaz de dar poderes sobre-humanos a quem o encontrasse. E está convencido de que Langdon é a única pessoa que pode localizá-lo. Vendo que essa é sua única chance de salvar Solomon, o simbologista se lança numa corrida alucinada pelos principais pontos da capital americana: o Capitólio, a Biblioteca do Congresso, a Catedral Nacional e o Centro de Apoio dos Museus Smithsonian. Neste labirinto de verdades ocultas, códigos maçônicos e símbolos escondidos, Langdon conta com a ajuda de Katherine, irmã de Peter e renomada cientista que investiga o poder que a mente humana tem de influenciar o mundo físico. O tempo está contra eles. E muitas outras pessoas parecem envolvidas nesta trama que ameaça a segurança nacional, entre elas Inoue Sato, autoridade máxima do Escritório de Segurança da CIA, e Warren Bellamy, responsável pela administração do Capitólio. Como Langdon já aprendeu em suas outras aventuras, quando se trata de segredos e poder, nunca se pode dizer ao certo de que lado cada um está. Nas mãos de Dan Brown, Washington se revela tão fascinante quanto o Vaticano ou Paris. Em O Símbolo Perdido, ele desperta o interesse dos leitores por temas tão variados como ciência noética, teoria das supercordas e grandes obras de arte, os desafiando a abrir a mente para novos conhecimentos."

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     No terceiro livro da série de Robert Langdon, Dan Brown envereda pelos mistérios e vertentes da Francomaçonaria (não, não é uma sociedade secreta, é uma sociedade com segredos, vale ressaltar. Como a Coca Cola, por exemplo), pela história da fundação dos Estados Unidos, por antigas obras de arte, ciência noética e muito mais.

     Na trama o professor e simbologista de Harvard é convocado de última hora aparentemente por seu antigo amigo maçom Peter Solomon, para dar uma suposta palestra no Capitólio dos Estados Unidos. Com relutância Langdon comparece, porém, logo percebe que caiu numa cilada e presencia uma cena de um crime brutal. Ele descobre que seu amigo e a segurança nacional correm grande perigo, e a única solução é desvendar os Antigos Mistérios e encontrar o segredo há muito escondido pelos maçônicos.

"Toda verdade poderosa tem sua própria força da gravidade e, mais cedo ou mais tarde, as pessoas acabam atraídas por ela."

O Símbolo Perdido - pág. 58

     Este não é o melhor livro do Dan Brown, mas é tão fantástico quanto todos os outros. E, tendo em vista os outros livros, O Símbolo Perdido deixou a desejar.

     O autor peca apenas na relação personagem/leitor, onde o protagonista parece um robô programado para desvendar símbolos e solucionar problemas, tendo uma memória excepcional e conhecimentos profundos. Não há aquela velha identificação e apego, seja com Robert Langdon, Katherine Solomon, e entre outros... Pois os personagens são rasos. Só me interessei por Katherine Solomon, a cientista brilhante. 

     A narrativa é rápida e abundante em conhecimento, fascinando o leitor do início ao fim. Particularmente, eu nunca havia ouvido falar da Ciência Noética, que, segundo o Google: "É um dos novos ramos da Ciência que pretende, através do método teórico-experimental, descobrir as respostas para várias destas indagações milenares; ela busca inclusive, por meio de inúmeras experiências científicas, comprovar a existência da alma e da vida depois da morte." E eu fiquei simplesmente encantada, querendo saber cada vez mais. O autor nos apresenta um mundo de símbolos e de ciência que instigam até os mais céticos.

"A mente domina a matéria." 

O Símbolo Perdido - pág. 53

     É um entretenimento que vale a pena, principalmente para aqueles que são fissurados por sociedades secretas, teorias da conspiração, ciência, polêmica e mistério - como eu. Em mais um romance policial repleto de suspense e ação, o autor impressiona por sua genialidade, tornando-se um dos escritores mais aclamados da atualidade.

     Minha parte preferida do livro foi o final, onde eles estavam finalmente desvendando os símbolos e objetos maçônicos. O desfecho me agradou bastante, e como era de se esperar foi surpreendente e nem perto do que eu poderia imaginar.

     O meu exemplar é da edição econômica, embora eu não seja fã destas edições. Não são muito agradáveis. Tive que interromper a leitura algumas vezes para fazer determinadas pesquisas, portanto, sugiro a edição ilustrada. A escrita do Dan Brown é robusta mas ao mesmo tempo acessível, sem muitos rodeios, tornando-a fluída.

     Recomendo para quem gosta de romance policial, enredos cheios de mistérios e reviravoltas e quem procura uma distração que acrescente algo a mais.

TOP FRASES 

"A chave para nosso futuro científico está escondida em nosso passado." 

"Ordem a partir do caos."

"Existe um mundo escondido por trás do que todos nós vemos."

"Abandone a busca por Deus... em vez disso, procure por ele tomando a si mesmo como ponto de partida."

"Vivermos no mundo sem tomarmos consciência do significado do mundo é como vaguear numa grande biblioteca sem tocar nos livros." 

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

Resenha por: Marcela Carvalho

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Resenha: Quem é Você, Alasca?

Resenha Quem é você, Alasca?

Título: Quem é você, Alasca? (Looking for Alaska)

Autor: John Green 

Páginas: 188

Editora: Intrínseca 

Lançamento: 2014 

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "E naquele quase-momento entre nós dois, eu percebi que me importava com ela, pelo menos um pouco. Não sei se gostava dela, e tinha minhas dúvidas quanto a confiar nela, mas me importava o bastante para tentar descobrir. Ela na minha cama, aqueles olhos verdes enormes me encarando. O mistério infindável do seu sorriso irônico, quase malicioso."

"Este romance de estreia é uma amostra do talento bruto de John Green, o tipo de talento que faz você chegar à última página do livro como uma pessoa completamente diferente." - The Guardian.

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     Eu estava em casa em pleno final de semana, sem fazer nada... E pensei: por que não reler um livro da minha estante? E o escolhido foi... Quem é você, Alasca? Porque dentre os livros que li do John Green, este simplesmente é o meu favorito.
    Miles Halter é um adolescente antissocial, que leva um vida pacata na Flórida e tem uma obsessão não-óbvia; ele gosta de colecionar e decorar últimas palavras de pessoas famosas. Ele não gosta de ler os livros dos escritores famosos, por exemplo, ele está interessado em suas biografias e últimas palavras.
     Tocado por uma citação específica e vários questionamentos na cabeça, Miles decide ir para um colégio interno no Alabama e mudar bruscamente sua vida, sair em busca de respostas e do seu "Grande Talvez". Desde o início fiquei me perguntando o que seria esse Grande Talvez que ele se referira tanto. No caso dele, presumo que seja deixar de lado a monotonia e viver mais aventuras, ter mais diversão, viver intensamente... Fazer com que sua adolescência tenha valido a pena.
     Na Culver Creek ele conhece o seu colega de quarto Chip Martin (Coronel), um garoto pobre - bolsista - que se destaca por sua inteligência e carisma. Ele é cativante e emocionante, aquele tipo de pessoa que todo mundo queria ter como amigo e que nutre uma simbólica raiva por pessoas ricas. Coronel também tem uma obsessão diferente; ele gosta de decorar nomes de países, capitais, populações, etc. Junto com Alasca Young, ele planeja e executa os trotes mais lendários da escola.
     Alasca Young é uma personagem misteriosa, excêntrica, ambígua e profundamente triste, utilizando-se de metáforas sempre que pode. 

"Do meu lado na escuridão, ela cheirava a suor, luz do sol e baunilha, e naquela noite de lua minguante eu pouco via da sua silhueta, exceto quando ela fumava, quando a brasa do cigarro iluminava seu rosto, que adquiria um tom vermelho pálido. Mesmo no escuro eu admirei os seus olhos, esmeraldas intensas. Aqueles olhos seriam capazes de convencer você a fazer qualquer coisa que ela pedisse. E ela não tinha apenas um rosto bonito. Seu corpo era igualmente lindo, os peitos apertados na camiseta justa, as pernas torneadas se movendo para a frente e para trás no balanço, os chinelos pendurados nos dedos dos pés com unhas pintadas de um azul forte e brilhante."

Quem é você, Alasca? - pág. 21

     Enquanto Miles quer encontrar o seu Grande Talvez, Alasca quer desvendar os mistérios do Labirinto. Imediatamente Miles se apaixona por ela; na típica pegada do John Green: Nerd que se apaixona por garota popular e misteriosa. Dito isso, ele começa a querer saber mais sobre ela, seu passado e tudo que a envolvia. E assim como Miles, o leitor deseja cada vez mais entender: Afinal, quem é você, Alasca?
     John Green desenvolveu a personagem com tamanha maestria que ela se tornou uma das minhas personagens literárias favoritas, desde a escolha do nome até as besteiras que ela fazia. Além de tudo, ela ainda é Feminista - o que me fez amá-la ainda mais -, sempre com frases como "Não me imponha esse paradigma patriarcal", "Não trate o corpo das mulheres como meros objetos" e:

"Nenhuma mulher deveria espalhar mentiras sobre outra mulher, nunca! Você violou o acordo sagrado entre nós! Como esfaquear umas às outras pelas costas vai ajudar as mulheres a superarem a opressão patriarcal?!"

Quem é você, Alasca? - pág. 58

     Um personagem que me pareceu não ter muita importância foi o Takumi, embora eu tenha simpatizado com ele, um japonês, que assim como os amigos, tem uma obsessão diferente; ele gosta de rimar e se considera um "MC". Já a Lara, namorada temporária do Miles, teve seus momentos fofos e engraçados, fazendo-nos simpatizar com ela desde o princípio.
      O livro é organizado em duas partes, o "antes" e o "depois", e numa contagem regressiva e em seguida progressiva. Ele é repleto de reflexões e metáforas, induzindo o leitor a se questionar frequentemente. Sem esquecer do humor ácido do John Green, que traz à tona questões inerentes à adolescência como Álcool, Cigarros e Sexo.
     O acontecimento ao qual o livro gira em torno é polêmico, mas não me surpreendeu. Não por ter sido com a Alasca. Que por causa de um fato em sua infância, ela acabou se tornando impulsiva e inconsequente. Aos poucos, o autor vai nos revelando pequenos fragmentos da história dela, mas mesmo assim não é o bastante. Inclusive os próprios amigos dela não sabiam quem realmente ela era. E eles tentam descobrir. Mas Alasca é um completo mistério.
     A capa original não me agradou nem um pouco, mas eu amei a edição da Editora Intrínseca. Gostei bastante da capa de um preto fosco contrastando com a fumaça de cigarro, as folhas amareladas e no final tem "algumas últimas palavras sobre últimas palavras" e  "um guia de leitura atualizado". A diagramação está bastante agradável. Preciso nem dizer que a escrita do Green é maravilhosa, né? 
     Recomendo para quem gosta do gênero New Adult, de questionamentos filosóficos acerca de coisas que todos nós estamos destinados e de um livro sincero e profundo.

TOP FRASES 

"Vocês fumam por prazer. Eu fumo para morrer".

"Chega um momento em que o melhor a fazer é arrancar o Band-Aid. Isso dói, mas depois passa, e então vem o alívio."

"Passamos a vida inteira presos no labirinto, pensando em como vamos escapar dele um dia, e como vai ser quando fizermos isso, e imaginando o que o futuro guarda para nós, mas nunca conseguimos de fato sair. Só usamos o futuro para fugir do presente."

"Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então eu voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela, um furacão."

"Como escapar do labirinto do sofrimento?"

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

Resenha por: Marcela Carvalho.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Resenha: Cidades Mortas

Resenha Cidades Mortas 

Título: Cidades Mortas 

Autor: Dêner B. Lopes 

Ano: 2014

Editora: Chiado Editora 

Páginas: 202

UM POUCO SOBRE A HISTÓRIA:

"Cada uma das 10 Cidades da nação de Lisarb escolherá, por meio de voto dos habitantes, um casal de jovens entre 15 e 18 anos para o Festival das Cidades-Mortas.
Os 20 Eleitos serão encaminhados para a Cidade-Morta selecionada, onde serão confinados e terão que escapar dos soldados-robôs que irão se dispersar pelo local, com claras intenções de morte lenta.
Todos aqueles que conseguirem sobreviver até o final das duas semanas de confinamento, terão a honra de fazer dois pedidos, possíveis e aprovados pelo Presidente, é claro."
Em "Cidades Mortas", conhecemos Arthur, garoto de 16 anos, órfão e pobre, que de súbito se encontra no programa mais mortífero de seu país, onde é obrigado a lutar contra robôs preparados especialmente para matá-lo e a sobreviver com somente aquilo que o é fornecido. Com a companhia de mais 20 jovens, o menino corre riscos que não são somente representados pelos robôs.

AVALIAÇÃO CRÍTICA:

Dêner B. Lopes, com inspiração de Suzanne Collins, cria um mundo onde o leitor pode tanto desfrutar da trama da história, como também absorver ensinamentos e tirar conclusões próprias sobre temas diversos, entre eles: preconceito racial/social, governo ditatorial, etc. A escrita, além de ser muito rápida, é detalhada e bem específica, a tomando muito agradável. "Cidades Mortas" é um livro de uma sentada só. A narração de Arthur sobre os acontecimentos a sua volta são dinâmicas e entretém mesmo nos momentos mais tensos. A crítica ao preconceito se encontra muito forte nesse livro, pelo fato do protagonista não concordar com o meio qual as etnias se dividem em cada cidade e o ódio existente entre as mesmas. Creio que o livro poderia ter explorado mais sobre a personalidade dos Eleitos, pois, pela falta das informações, tornaram alguns personagens em nada, não nos dando a oportunidade de se apegar a nenhum que não seja o protagonista e suas duplas. É interessante como conseguimos observar o desenvolvimento do personagem principal, mediante as situações do livro. Portanto, "Cidades Mortas" é a leitura certa para as pessoas que estão a procura de um livro empolgante, mas também rápido. A edição está confortável para a leitura, porém sua capa escorregadia pode vir a ser um pequeno problema para alguns. O tamanho das letras e as páginas amareladas são pontos que a editora acertou em cheio. Então, recomendo esse livro para os fãs de "Jogos Vorazes", pois, sem dúvida alguma, ele te agradará bastante. O exemplar nos foi concedido pela editora, nossa mais nova parceira.

Resenha por: Felipe Batalha

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Resenha: Menino de Ouro

Reasenha Menino de Ouro
                                       

Título: Menino de Ouro (Golden Boy)

Autor: Abigail Tarttelin 

Páginas: 384

Editora: Globo Livros

Lançamento: 2013

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: A família de Max não permitiria nenhum desvio na imagem perfeita que havia construído. Karen, a mãe, é uma advogada renomada, determinada a manter a fachada de boa mãe, esposa e profissional. Steve, o pai, é o exemplo do chefe de família presente em sua comunidade, favorito a um importante cargo público. O ponto fora da curva é Daniel, o caçula, que, para os padrões da família Walker, é “estranho”: não é carinhoso, inteligente ou perfeito como Max. Melhor aluno da escola, capitão do time de futebol, atlético, simpático, sucesso entre as garotas: Max, o primogênito, é o menino de ouro. Ninguém poderia dizer que sua vida não é perfeitamente normal. Ninguém poderia dizer que Max esconde um segredo. 

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

    Este é um daqueles livros que te deixam fascinado da primeira a última página. A capa já sugere minimamente um dos muitos assuntos abordados pelo personagem e por todas as pessoas que o rodeiam, assim como a sinopse. 

    Max Walker é o adolescente perfeito; inteligente, bonito, namorador, atleta, obediente, amigo e filho esforçado. Estaria tudo realmente perfeito, se ele não tivesse um segredo arrebatador... Max é um Intersexual, isto é, pessoa que nasceu com ambos os sistemas reprodutores, ou parte de um e de outro, ou o predomínio de um sobre o outro; grosseiramente falando um Hemarfrodita. Ele nasceu com as duas combinações de cromossomos: 46xx e 46xy. Max está entre os dois sexos, não é nem menina, nem menino - mas fora criado como sendo do sexo masculino. Até então ele não havia tido que lidar com a complexidade de sua condição, mas, pouco antes de seu aniversário de 16 anos, um acontecimento horrendo relacionado com uma das poucas pessoas que sabiam do seu segredo trás de volta tudo que ele e sua família estavam adiando. Na minha opinião, foi de extrema coragem - e genialidade - da autora ter posto o acontecimento mais marcante da vida de Max logo nas primeiras páginas. 

"É quando o choque se dissipa, e eu percebo o que está por vir. Parece que se leva muito tempo para compreender a situação. Quero dizer, coisas como essa nunca acontecem. Elas acontecem com outras pessoas, mas não com você, não comigo."

Menino de Ouro - pág. 21

    O enredo é dividido em três partes, cada uma delas anunciando um feito mais chocante que o outro. A história é contada em primeira pessoa através de diferentes pontos de vista: do próprio protagonista, dos pais, do irmão caçula, da namorada e da médica (um aspecto importantíssimo) do garoto. Em muitos livros isso torna a leitura confusa e entediante, mas em Menino de Ouro, não; essa alternância de pensamentos e visões foi essencial para enxergar o Max num todo, e nos deu a capacidade de se colocar no lugar de cada um deles, inclusive do Max. É um convite para o leitor refletir a decisão que tomaria no lugar dos pais dele, assim que ele nasceu, por exemplo. Nos faz questionar se não conversar sobre a Intersexualidade do garoto com ele, assim como as demais questões que envolvem Sexualidade e Identidade de Gênero foi a melhor opção, e acredito que cheguemos a mesma conclusão; a ignorância é crucial.

"Sou um observador passivo da dor à minha volta. Sou o fusível da bomba. Nem sequer me acendo. Tampouco escolho quando apagar. Eu não explodo. Eu apenas sou."

Menino de Ouro - pág. 382

    Um personagem surpreendente e cativante é o Daniel, irmão do Max. Como já dito na sinopse, pelos padrões da família Walker ele é considerado "estranho", afinal, ele é o oposto do irmão; problemático, não demonstra afeto e aparentemente menos inteligente. As cenas de conversação entre os irmãos foram muito prazerosas e emocionantes de se ler. No fim, percebemos que cada um é perfeito ao seu modo. 

    Um livro deveras emocionante, onde Abigail Tarttelin soube explanar e tocar de maneira sublime o leitor, trazendo à tona questões muitas vezes invisibilizadas e abafadas por nossa sociedade, onde a regra, o padrão e a norma é ser "normal". Mas a normalidade é algo muito relativo, e a autora nos mostra isso de maneira fantástica. 

"As pessoas não sabem como tratar quando você é meio isso e meio aquilo. Eles acham que você vai fazer merda com a cabeça deles e corromper suas crianças e seus adolescentes...coisas assim..."

    A escrita da Abigail é bela e à sua maneira rebuscada. Em Menino de Ouro ela ousou e impactou. 

    Recomendo para todas as pessoas, porém, é um livro profundo e chocante, portanto, estejam preparados.

TOP FRASES 

"Você precisa de coragem para fazer qualquer coisa. A mesma coragem que precisa ter para fazer um teste ou fazer escolhas ou escrever um poema quando o último que fez ficou uma merda, é a mesma coisa que sair à noite sem ficar apavorado. Se tiver medo, você nunca vai viver. Você precisa de coragem para viver."

"A escuridão não é sequer a perda da visibilidade. É apenas uma mudança de cor, de tom. É a mesma coisa que o dia, com uma tonalidade diferente." 

"Às vezes, você tem que ser corajoso e dizer o que você é e como se sente. Mesmo se não souber como fazer isso. Você só precisa respirar fundo e decidir começar."

"Eu nunca havia pensado antes sobre como a vida é tão acidental, como ela pode ser tão fácil e rapidamente criada e se acabar de repente, no espaço de minutos. Isso me faz apreciar tudo muito mais, mas também me faz pensar sobre quanto do nosso destino é definido pelo acaso, e quantos pequenos acidentes tiveram que acontecer para me fazer o que e quem eu sou."

"Se você ama alguém, você o ama e ponto. Não importa de onde veio ou se é um menino ou uma menina, ou se você luta, ou se ele é esquisito, ou se ele tem dificuldade para se comunicar com você. Você só ama, porra!" 

    Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

Resenha por: Marcela Carvalho.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Resenha: O Código Da Vinci

Resenha O Código da Vinci


Título: O Código Da Vinci

Autor: Dan Brown

Ano: 2004

Páginas: 432

Editora: Arqueiro



UM POUCO SOBRE O LIVRO 
Robert Langdon é um famoso simbologista, que foi convocado a comparecer no Museu do Louvre após o assassinato de um curador. A morte deixou uma série de pistas e símbolos estranhos, os quais Langdon precisa decifrar. Em seu trabalho ele conta com a ajuda de Sophie Neveu, criptógrafa da polícia. Porém o que Langdon não esperava era que suas investigações o levassem a uma série de mensagens ocultas nas obras de Leonardo Da Vinci, que indicam a existência de uma sociedade secreta que tem por missão guardar um segredo que já dura mais de 2 mil anos.

AVALIAÇÃO CRÍTICA
Dan brown, conhecido por sua abordagem à criptografia e assuntos polêmicos decide surpreender neste livro. O código da Vinci é um questionamento direto a doutrina católica, despertando o interesse dos jovens por um assunto que é tido como tabu: o santo graal.
O santo graal, segundo o livro e teorias da conspiração, é na verdade, o útero de maria madalena(segundo o livro e teorias, foi casada com Deus) e seus descendentes. E a missão de Dan Brown é descobrir onde está o graal, e por destino, acaba se tornando um guardião do graal. 
Dan Brown é um autor impecável; usa uma linguagem rebuscada porém de fácil acesso. Pontuação e facilidade de se expressar excelentes.
Apesar de algumas falhas históricas(em questão de informação) "O Código Da Vinci" nos convida a questionar tudo o que fomos designados a aceitar como verdade absoluta. 

PERSONAGENS
O passado de Sophie Neveu é bastante explorado. Porém, um ponto desfavorável da história é que Robert Langdon não fala muito sobre sua vida. O personagem é usado como uma "maquina de desvendar símbolos", fato qual acredito que em próximos livros Dan Brown tomará alguma providência.

TOP FRASES
"Oh, draconian devil. Oh lame saint" ( anagrama para "Leonardo Da Vinci- The Mona Lisa")

"Abaixo da antiga Roslin 'stá o Graal. 
Lâm'na e cálica guardam-lhe o portal. 
Pela arte dos grandes mestres velada jaz. 
Sob estrelado céu descansa em paz. "(suposto local de onde o santo graal esteve, e lugar onde se encontra os documentos do priorado de sião- uma ceita que protege o santo graal)
Resenha por: Kaline Souza

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

"Não é problema meu!"


    Olá, pessoas. Tudo na paz? Eu espero que sim. Neste post decidi incluir uma de minhas primeiras crônicas; ela trata de um assunto bem comum atualmente.     

    O mundo evoluiu, a tecnologia evoluiu, a comunicação evoluiu, as pessoas evoluíram - e a violência também. Quantas vezes ligamos a televisão e está passando no jornal diversos casos de violência?! Desde um assalto, roubo... Até um estupro e/ou morte. Hoje em dia qualquer coisa - mesmo a mais fútil - é motivo para brigas, discussões, conflitos. As pessoas não conseguem conviver bem socialmente. 

    Se uma mulher usa roupas curtas, é motivo para ser estuprada/assediada. Vale ressaltar que cantada também é assédio. Se uma pessoa torce para um time, que ganhou do seu, é motivo para ser espancada. Se uma pessoa têm gostos diferentes do seu, é motivo para cometer Bullying. Se uma pessoa não é heterossexual, é motivo para ser morta. Realmente não consigo imaginar como a sociedade conseguiu chegar a esse ponto! Será que é tão difícil cuidar apenas da sua vida e respeitar as demais pessoas?

    Agora vamos ao tema central deste post e da crônica. Respondam-me com sinceridade: você está passando na rua e vê uma pessoa sendo espancada, o que você faria? Você está passando na rua e vê uma mulher sendo violentada, homossexuais/transexuais sendo mortos, humilhados, o que você faria? Ligaria para a polícia, tentaria ajudar, pediria socorro... Certo? Errado. 

    Nós sempre achamos que, se está acontecendo com outras pessoas, nós não temos nada a ver com isso... Não é problema nosso. Aí que está o problema: não sabemos o dia de amanhã. Se você estivesse naquela situação, certamente ia querer ser ajudado, não é mesmo? Pense nisso.


Crônica (Só mais um)


    Cassidy voltava da faculdade conversando animadamente com um grupo de amigas enquanto dirigia, mais precisamente 3 mulheres. Todas elas cursavam Administração. Os assuntos eram diversos: trabalho, faculdade, namoro, livros, séries, filmes, futebol, etc. 

- Como está o trabalho, Nycole? - indagou Clarice no banco do passageiro e virou-se para trás, para observar a amiga.

- Tranquilo. Aliás... A Aline parou de dar em cima do Pedro. Tive uma conversinha com ela... - Nycole sorriu de canto, satisfeita.

    Com o relato, todas soltaram uma exclamação, exceto Lorena, que permanecia calada observando as vielas pelas quais passavam.

- Detalhes. Quero detalhes! - disse Cassidy.

    Nycole então começou a contar a história, detalhando o máximo que pôde.

    Começara a chover, obrigando-as a fechar o vidro. Lorena continuava imóvel e impertubável no seu canto, perdida em pensamentos. Onde o Matt deve estar?, pensava ela. Ele não foi à aula hoje e não atendeu minhas ligações, nem mesmo minhas mensagens no Facebook e Whatsapp.

    Ela sentia um crescente mal-estar, uma sensação ruim apoderava-se de seu peito, e ela não sabia o que pensar. Apenas sabia que algo ruim estava para acontecer. Era quase como um presságio, mas ela não tinha coragem de partilhar com suas amigas o ocorrido. Decerto iriam fazer gozação com a mesma, e ela não estava com paciência para certos tipos de brincadeiras.

    O sinal ficou vermelho e Cassidy parou o carro. Ela olhou para trás sentindo falta de alguém... Clarice não. Nycole não. Matt faltou. Lorena!

- Que houve, Lorena? - perguntou e lançou-lhe um olhar preocupado.

    Lorena suspirou.

- Nada. É só q... - antes da loira completar sua frase, gritos abafados cortaram o ar. Elas se entreolharam horrorizadas e voltaram sua atenção para a cena que acontecia numa esquina à direita do carro: três rapazes encapuzados possuindo armas rodeavam um outro que se encontrava ao lado de sua moto, ajoelhado, com as mãos atrás da cabeça.

- Essa voz me é familiar! - Lorena quase gritou, tomada pelo susto.

- Olhem! - dessa vez foi Nycole, apontando atônita para o rapaz que agora era alvo de chutes e pontapés.

    O homem gritou mais uma vez, dessa vez um grito mais estridente, clamando por socorro. Lorena sentiu uma pontada no coração. Quando pensou em descer do veículo, Cassidy arrancou com o carro, tomada pelas buzinadas de meia dúzia de carros atrás dela.

- Vamos ajudá-lo! Chamar a polícia, sei lá! - Lorena se embolou com as palavras, numa falsa esperança de convencer as amigas.

- Só mais um assalto, não temos nada a ver com isso. Cheguemos logo em casa! - disse Clarice.

- Verdade! - as outras concordaram. E Lorena, tomando-se por vencida, assentiu e nenhuma palavra a mais disse. Mas no fundo ela sabia que havia algo errado. Muito errado.

    Noutro dia, as mulheres jantavam em volta da mesa quadrada, assistindo ao Jornal Local.

    Lorena levantou-se da cadeira e foi até a geladeira, pegar o suco de laranja. 

"Ontem a noite, um grupo de bandidos assaltaram, esfaquearam e mataram um rapaz. Ele foi encontrado por um idoso na margem de um rio, a cinco quilômetros do local do crime. Testemunhas afirmam que ele se chama Matthew Fonseca Parker, 22 anos, estudante de Administração..."

    Lorena não precisou escutar mais nada, agora tinha certeza do que acontecera com seu namorado.

    Sentiu-se tonta e, trinta segundos depois, estava desmaiada no chão coberto por cacos de vidro. Seu grande amor se fora, e ela poderia ter evitado. Se não tivesse pensado que era só mais um exemplo de violência... 

       Digam-nos suas opiniões, relatos, critiquem... Beijão, até a próxima matéria!


Matéria por: Marcela Carvalho.