domingo, 24 de abril de 2016

Resenha: Os senhores de Roma: César

Resenha - Os senhores de Roma: César 

Título: Os senhores de Roma: César 

Autor: Allan Massie 

Páginas: 302

Editora: Ediouro 

Lançamento: 2000

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "Neste magnífico romance histórico de Allan Massie, César surge a partir do olhar de um de seus mais diletos companheiros, Decimus Junius Brutus Albinus. Frente à morte iminente, à espera de sua execução, como que para justificar seu gesto ante a posteridade, Brutus relembra os momentos cruciais que viveu ao lado de César, de cujo assassinato acabou participando. "Até tu, meu filho", foram as últimas palavras do incrédulo ditador, ao ver, dentre seus assassinos, aquele de quem fora mentor e em quem tanto confiava."

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     "Uma obra-prima do romance histórico", afirmou Gore Vidal. E eu não discordo. Sob a perspectiva de um dos conspiradores da morte de César, Décimo Bruto, o livro envereda pela Roma de anos antes de Cristo. Mostrando-nos como ela funcionava e como era a vida de figuras históricas como César, Marco Antônio,  Cícero, Otávio - mais tarde Augusto -, e até mesmo Cleópatra. Massie conseguiu retratar o cotidiano dos romanos, os costumes, as referências à religião e, acima de tudo, o patriotismo, o amor à República e ao Senado, o que fora motivo de muitas guerras e batalhas.

     A história é bastante conhecida; um militar romano que consegue se tornar imperador por conta de esquemas políticos e, ao final (idos de março) morre pelas mão de seu fiel companheiro Brutus. Caio Júlio César era um homem egocêntrico, antipático quanto ao modo de pensar de outras pessoas, insensível quanto às memórias do passado e principalmente maquiavélico. Mas não se pode negar que ele era um gênio. Soube entender e dominar as massas, fazendo-os acreditarem que ele era quase como um deus - e ele próprio também acreditava nisto. Sedutor, teve todos os companheiros e companheiras que desejou. No entanto, teve que pagar com a própria vida sua desmedida ambição, e seu governo ditatorial durou somente 4 anos.

""Conhece-te a ti mesmo" - é a soma da sabedoria oferecida pelos filósofos, e poucos de nós nos conhecemos, ainda que superficialmente. Talvez seja esta a sabedoria maior. Pois nesta revelação a mim outorgada, da forma de união que eu desejava, eu soube, mesmo pulsando de impaciente luxúria, que me rendia a uma parte de mim mesmo, talvez ao mais profundo da minha natureza, que me tornaria objeto de escárnio e desprezo de todos os homens virtuosos. Eu me senti horrorizado com o que aprendi sobre o meu próprio caráter, mas era inevitável que, com os colhões em fogo, me apresentasse aquela noite na casa dela."

Os senhores de Roma: César - pág. 72

     Mas a história do Ditador Perpétuo é mais fascinante ainda. Diz uma lenda que César, em seu nascimento, era tão grande que o ventre de sua mãe teve que ser rasgado para que ele não morresse. Surgia, então, a cesariana. Eis a primeira marca de um predestinado. Hoje, até o mais simples afazer de qualquer indivíduo do Ocidente está à sua sombra. Acordamos, trabalhamos e vivemos sob influência desse homem capaz de ser tão implacável quanto conciliador. A contagem dos nossos dias provém do calendário Juliano, uma das adaptações que Júlio César implementou para que as datas comemorativas dedicadas aos deuses estivessem em harmonia com as estações climáticas do ano.

     Por se tratar de memórias, o livro é, de certa forma, parado e cansativo. Dito isto, demorei mais que o normal para lê-lo. Acreditei que as batalhas seriam detalhadas, mas não ocorreu.

"Se perguntassem por quê, eu não saberia responder ao certo. Quando leio os escritos dos historiadores, me espanta a certeza com que eles afirmam o motivo das ações. É curioso que saibam coisas assim, quando poucos poderiam dizer com igual certeza por que se apaixonam por uma mulher ou por um rapaz."

Os senhores de Roma: César - pág. 23

     A escrita do Allan Massie é bastante leve e agradável, e ele acertou em cheio ao retratar à sua maneira as intrigas, paixões arrebatadoras, sexo, guerras e campanhas políticas e militares. Não tenho muito o que reclamar da 4° edição, muito embora tenha achado alguns erros. Aprovei a capa e a diagramação. Não segue muito o que costumo ler, mas gostei bastante. Através dele podemos entender um pouco melhor a história de Roma e abrangentes.

     Recomendo para quem gosta de história, quem quer uma leitura diferente e inovadora, ou simplesmente um passatempo que acrescente algo a mais.

TOP FRASES 

"Jamais confiei num homem surdo à poesia."

"Que coisa estranha é o amor, esta palavra que empregamos normalmente como eufemismo para o desejo sexual." 

"Somos atraídos pelo que nos aterroriza e nos repugna."

"A verdade é, como sempre, complicada: jamais podemos recapturar nossas emoções exatas e a evocação de eventos passados é sempre colorida pelo que aconteceu desde então."

"Olhe as estrelas, Ratinho, olhe as estrelas! Fixe o olhar nas estrelas! Há uma regra de ouro na vida e na política. O homem que esquece as estrelas não é favorecido pelo Destino. Está fadado a combates miúdos, capaz apenas de uma visão curta das coisas. As estrelas são minhas amigas, Ratinho! Diante da tentação de desesperar, basta contemplar uma noite como esta para recobrar o tom de equilíbrio e confiança da mente. Serenidade..."

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

Resenha por: Marcela Carvalho

Resenha: Em Busca das Borboletas- Volume I

Resenha - Em Busca das Borboletas - Volume I 

Título: Em Busca das Borboletas - Volume I 

Autor: Margarida Pizarro 

Páginas: 444

Editora: Chiado (Parceira)

Lançamento: 2014

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "Maria Mendes, é uma luso-americana apaixonada por moda que decide mudar-se para Nova York em busca dos seus sonhos.
Inseparável das suas melhores amigas Joan e Alicia, Maria vive uma amizade com laços profundos impossíveis de ser quebrados, onde as suas vidas entrelaçam-se em momentos lindos e hilariantes.
O seu mundo aparentemente perfeito e de paz é alterado quando conhece o sexy e irresistível futuro candidato a Mayor, Dale Sloan. Sem conseguirem evitar, apaixonam-se perdidamente vivendo uma intensa história de amor.
Mas as diferenças entre os seus mundos podem ameaçar a sua felicidade, manchando com dúvidas o futuro a dois que eles tanto ansiavam viver. Será que o amor vence todas as barreiras?
Um romance que nos faz entrar, ao mesmo tempo, no mundo mágico da moda e na realidade viciante da política americana. Alegria, drama, ação, suspense, diversão, paixão e muito amor numa história mágica que nos leva a rir e a chorar."

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     A princípio, gostaria de falar acerca da capa, que foi o que mais me chamou a atenção juntamente com o pretensioso título. Ambos são fofos e sobretudo, apropriados. Dizendo-nos muito sobre a estória. 

     Maria Mendes é uma Portuguesa de 22 anos apaixonada por moda que acaba indo morar em Nova York visando o seu maior sonho que é trabalhar no ramo da moda. Relativamente rápido ela o alcança, conseguindo um emprego na famigerada revista Fashion, e melhor ainda: ao lado de sua querida amiga Alícia.

     A amizade é algo marcante neste livro, e demasiadamente valorizada. As melhores amigas da Maria são Alícia e Joan, e juntas elas formam As três mosqueteiras - apelido esse dado por elas próprias. Alícia é aquela amiga louca e inconsequente que todo mundo tem, que sabe aproveitar deveras o momento, naturalmente sincera, companheira e engraçada, contagiando o mundo à sua volta com seu carisma e bom-humor. A protagonista é a Maria, mas Alícia sem dúvidas roubou todas as cenas. Dito isso, elego-a como minha personagem preferida. Joan é mais pacífica, responsável e carinhosa, fazendo muitas vezes o papel de cupido da Maria. A amizade das três é verdadeira, apaixonante e altamente invejável. 

"As minhas mosqueteiras eram o meu cantinho de céu. Ali ficámos na conversa, como sempre, esquecendo o mundo à nossa volta. Era sempre assim quando nos juntávamos. Sentia que, com elas, conseguia esquecer o mundo e os problemas à nossa volta, pois a forma como partilhávamos os nossos momentos era tão verdadeira e tão intensa que nos levava a sentir que, ali as três juntas, tínhamos o nosso porto de abrigo."

Em Busca das Borboletas - Volume I - pág. 342

     Introduzida na revista Fashion, ela conhece o diretor de Recursos Humanos denominado Alan, chamado por todos de "deus grego", tendo em vista sua excepcional beleza e charme. Eles iniciam um relacionamento polêmico, mas que logo chega ao fim, pois Maria percebe que sente por ele nada mais que carinho e admiração.

      Não tardando ela conhece o irresistível Dale Sloan, filho do Senador, em pleno casamento de sua mosqueteira Joan. Mesmo com os obstáculos que a vida tenta os impôr eles dão início a um namoro, e Dale logo se torna seu bad boy. Dale carrega toda uma fama de mulherengo, e, além disso, eles precisam lidar com as intervenções de invejosos, desentendimentos com o Senador e a vida política de Dale. E é aí que ficamos apreensivos para saber se o amor de ambos é capaz de superar todas as barreiras.

     Notoriamente um romance clichê, Em Busca das Borboletas traz as evidências de um primeiro amor arrebatador e fofo, sendo de todo simples. Não há nada de extraordinário, e isso fez com que eu o amasse em alguns momentos, e o odiasse em outros. 

"Batemos com o olhar ardente e apaixonado um do outro e percebia naquele instante que aquele ia ser o momento pelo qual sonhei toda a minha vida e eu sabia que, acontecesse o que acontecesse, ele era o homem certo no momento certo. Eu queria entregar-me verdadeiramente e de uma forma completa àquele homem, o homem por quem eu estava perdidamente apaixonada pela primeira vez. E assim o fiz. Entreguei-me de corpo, porque de alma já me tinha entregado desde o primeiro dia que o conhecera." 

Em Busca das Borboletas - Volume I - pág. 234 

     Os personagens masculinos tem o mesmo padrão: todos são incrivelmente lindos, charmosos, ricos e irresistíveis. Não há muita diferença entre Alan, Dale, Harry (namorado da Alícia, tendo se conhecido também no casamento) e Thomas (marido da Joan). Já as mulheres seguem os estereótipos do gênero feminino: são totalmente femininas, apaixonadas por moda, maquiagem e compras, delicadas e preocupadas totalmente com a beleza. Outra coisa que também me incomodou foi o machismo inerente em algumas partes da estória, como por exemplo num almoço familiar onde os homens jogam cartas enquanto as mulheres cuidam da cozinha, ou outra ocasião onde os homens conversam despreocupadamente enquanto as mulheres põe a mesa.

     Maria Mendes é uma personagem carismática, extremamente bonita, sensível, simpática, teimosa, envolvente e bem construída, mesmo em alguns momentos eu tendo achado algumas atitudes dela hipócritas. 

     Margarida Pizarro enriqueceu o livro ao pôr sempre músicas como espelho dos acontecimentos e sentimentos dos personagens, sejam elas Portuguesas, Brasileiras, Americanas ou tantas outras. Isso me agradou muito. A autora descreve detalhadamente os modelitos dos personagens, pondo inclusive as marcas e tudo o mais, o que pode ser maravilhoso para quem se encanta por moda. 

     O final foi bem pensado e de deixar qualquer um morrendo de curiosidade, querendo ler o Volume II imediatamente - como eu me encontro agora, por sinal. 

     A escrita dela é extremamente fluída, daquelas que faz-nos surpreender pela quantidade de páginas lidas em pouco tempo. Embora tenha 444 páginas, é um livro que pode ser lido rapidamente. Em nenhum momento tive que recorrer a dicionários ou ao Google por conta da linguagem  - português de Portugal -, e alguns termos podem ser assimilados facilmente de acordo com o contexto. 
     
     Em Busca das Borboletas é simples, fofo e que acima de tudo valoriza felizmente a família e a amizade, dando-nos lições sobre estes. A edição está agradável e confortável para leitura, o tamanho das letras e as folhas amareladas também, contendo poucos erros, como falta de espaçamento em alguns locais específicos.

     Recomendo para quem gosta de romances clichês, moda e leituras simples, mas que te prendem à estória e aos personagens. 

TOP FRASES

"A felicidade é como uma borboleta que, quando perseguida, foge das tuas mãos. Mas pode pousar no teu ombro se ficares quieto e imóvel. Às vezes, parece que o destino nos vira a vida do avesso de repente, mas e se o avesso for o nosso lado certo? Eu descobri o meu certo contigo..."

"Nós nunca vamos amar ninguém simplesmente porque queremos. O amor é algo espontâneo que nos apanha quando menos esperamos."

"Tu precisas de um homem que te faça apaixonar perdidamente, que te leve numa aventura, que te leve a arriscar sem olhar para trás e que, acima de tudo, provoque em ti um amor incondicional que faça com que tu queiras trocar o mundo por ele."

"Dizem que as coisas boas vêm com o tempo, mas, para mim, as melhores vêm de repente quando menos esperamos..."

"O Segredo é não correr atrás da borboleta. É cuidar do nosso jardim para que elas venham até nós."

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

*O livro nos foi concedido pela Chiado Editora, nossa primeira parceira.
Resenha por: Marcela Carvalho.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Resenha: Eleanor & Park

Resenha Eleanor & Park
 

Título: Eleanor & Park (Eleanor and Park)

Autor: Rainbow Rowell

Páginas: 328

Editora: Novo Século 

Lançamento: 2014


UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "Eleanor & Park é engraçado, triste, sarcástico, sincero e, acima de tudo, geek. Os personagens que dão título ao livro são dois jovens vizinhos de dezesseis anos. Park, descendente de coreanos e apaixonado por música e quadrinhos, não chega exatamente a ser popular, mas consegue não ser incomodado pelos colegas de escola. Eleanor, ruiva, sempre vestida com roupas estranhas e “grande” (ela pensa em si própria como gorda), é a filha mais velha de uma problemática família. Os dois se encontram no ônibus escolar todos os dias. Apesar de uma certa relutância no início, começam a conversar, enquanto dividem os quadrinhos de X-Men e Watchmen. E nem a tiração de sarro dos amigos e a desaprovação da família impede que Eleanor e Park se apaixonem, ao som de The Cure e Smiths. Esta é uma história sobre o primeiro amor, sobre como ele é invariavelmente intenso e quase sempre fadado a quebrar corações. Um amor que faz você se sentir desesperado e esperançoso ao mesmo tempo." 

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     Eleanor & Park faz exatamente o tipo de romance que eu gosto: os protagonistas não são perfeitos - fogem dos padrões da nossa sociedade -, não tem um vida nem uma família perfeita, eles não se apaixonam à primeira vista, e, apesar de o foco ser o amor entre os dois, o livro abre espaço para muitos outros assuntos.

     Eleanor é uma personagem excêntrica; ruiva, cabelos rebeldes, roupas masculinas e nada combinando, sapatos desgastados, gravatas como prendedor de cabelo, considera-se gorda - não pude identificar se era uma distorção da sua imagem por consequência das roupas largas ou se ela era realmente gorda. Sua aparência esquisita se deve à decadência financeira, pois ela vive com mais 4 irmãos mais novos, o pai não liga para eles, e desde que a mãe se separou dele, eles estão vivendo com Richie, o novo namorado da mãe.

"Não só por ser uma pessoa nova ali, mas por ser grande e esquisita. Com cabelo bagunçado, bem ruivo, além de cacheado. E se vestia como se... Como se quisesse que as pessoas ficassem olhando. Como se não sacasse que estava um desastre completo. Usava camisa xadrez masculina, meia dúzia de colares estranhos pendurados em volta do pescoço e lenços amarrados nos pulsos. Fez Park pensar num espantalho ou nas bonequinhas das preocupações que ficavam na cômoda da mãe. Enfim, do tipo que não conseguiria sobreviver no colegial."

     Park, por outro lado, é um mestiço descendente de coreanos, amante de HQ's e música, que prefere ficar "invisível" na escola para sobreviver ao Ensino Médio. No primeiro dia de aula, mesmo a contra-gosto, Park permite que Eleanor sente-se ao seu lado no ônibus, e logo percebe que a menina está sempre espiando seus quadrinhos com o canto dos olhos. A partir daí, todo dia ele deixa uma pilha de gibis no assento ao seu lado para que a menina leia e os entregue no dia seguinte.

     Num certo dia Park decide finalmente puxar assunto, e eles percebem mais uma coisa em comum: a paixão por bandas daquela época. Entre dificuldades e singularidades o amor dos dois cresce à medida em que vão se conhecendo melhor. O que nos garante muitos momentos de fofura.

     Ambientado no ano de 1986, o livro é repleto de referências à cultura pop da década de 80 e a histórias em quadrinhos. No primeiro momento achei que a diferença de época seria um problema, mas não houve problema algum; é interessante ver que os jovens de outrora possuíam os mesmos conflitos internos e externos dos atuais.

     Mas Eleanor & Park não nos apresenta apenas as evidências de um primeiro amor. Além da miséria em que a família da garota vive, chegando a não terem escovas de dentes, telefone ou xampu e condicionador, Eleanor ainda tem um padrasto violento e extremamente machista, que bate na mulher e a trata como uma completa submissa tanto na frente das crianças como a sós, acresce que é potencialmente um estuprador. Odiei o babaca do Richie da primeira à última página. Pior personagem, sério. Ele já chegou a expulsar Eleanor de casa e ela teve que passar 1 ano na casa de uns conhecidos da família. O livro tinha grande potencial para tratar mais profundamente a questão da violência doméstica e abuso sexual, porém não foi o que aconteceu. A autora deixou muitas lacunas e retratou essas violências de uma forma que o leitor acaba pondo a culpa na vítima, quando na verdade a vítima nunca é a culpada.

"Como ele olha para mim.
Como se espreitasse.
Não como se me quisesse. Como se esperasse a hora certa. Quando não houver mais nada nem ninguém para destruir.
Como ele espera por mim.
Sabe de tudo que faço.
Como está sempre por perto. Quando estou comendo. Quando estou lendo. Quando estou penteando o cabelo.
Você não sabe.
Porque eu finjo não saber."

     A narrativa acontece em terceira pessoa, alternando entre Park e Eleanor, e a Rainbow Rowell abusou da subjetividade, em momento algum as coisas são explicadas; ficamos somente nas suposições. Alguns podem achar válido e inovador, mas eu tive bastante raiva disso. Eu queria explicações, conclusões... Não esperava um final feliz, mas este final foi super fraco. Deixou-me decepcionada. A história exigia um final melhor, acabei enganada achando que ela explicaria algumas coisas no final. Não necessariamente tudo, mas ao menos algo.

     Outra questão marcante da história é o Bulliyng, presente numa boa parte do livro. Afinal, "Eleanor tem aparência suficiente para ser zoada." Há muitos personagens inertes, deixando-me com mais raiva ainda. Principalmente do Park, no início. Minha personagem favorita sem dúvidas foi a Eleanor, embora tenha ficado frustrada com ela por ter ignorado-o no final.

     Embora tenha vários espaços a serem preenchidos, Eleanor & Park foi uma leitura que valeu cada segundo. Este é um livro fofo, dramático, único, triste, e que me conquistou já nas primeiras páginas. A escrita da Rowell é simples, direta e fluida. Adorei a capa, certamente muito apropriada. Quero uma continuação de Eleanor & Park para já. 

     Recomendo para quem gosta do estilo Geek, de uma história marcante e fofa que te traz diferentes emoções, e, acima de tudo, de um livro singular, porém que pode retratar a realidade de muitas pessoas por aí.

TOP FRASES 

"Eleanor tinha razão. Não tinha boa aparência. Era como uma obra de arte, e arte não deve ter boa aparência, mas sim fazer a gente sentir alguma coisa."

"Era como se suas vidas fossem linhas que se entrecruzavam, como se gravitassem em torno um do outro. Geralmente, esse serendipismo lhe parecia a maior dádiva do universo."

"Porque Park era o Sol, e essa era a única explicação que Eleanor poderia dar."

"A família dele era praticamente os Waltons. Já a família de Eleanor se desajustara antes mesmo de chegar ao inferno. Ela jamais poderia ser aceita na sala de estar de Park. Nunca se sentiria aceita em lugar algum, exceto quando se deitava em sua cama e fingia ser outra pessoa."

"Ele parou de tentar trazê-la de volta. Ela só voltava quando bem entendia, em sonhos e mentiras e déjà-vus partidos."

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

Resenha por: Marcela Carvalho. 


     

     



Você se considera racista?

Você se considera racista?

     Olá, amores. Tudo na paz? Eu espero que sim. Hoje eu gostaria de fazer um simples questionamento para vocês. E é este aqui: Você se considera racista?

( ) Sim
( ) Não

Você já proferiu, pensou ou aceitou alguma dessas frases:

1 - Lugar de negro é na senzala. 
2 - Cabelo bom é cabelo liso.
3 - Ovelha negra da família.
4 - Gato preto é do mal.
5 - Não sou tuas negas.

Se sim: moço (a) você é racista.
Se não: moço (a) você não é racista.

     MINHA RESPOSTA 

      Eu dizia as frases 3 (referindo-se a mim mesma, apesar de ser branca), 4 (por brincadeira, para "zoar"), e a 5 (por estar tão acostumada com esta expressão).

     Mas o racismo também está incrustado nas pequenas coisas, e devemos estar atentos ao que sai de nossas bocas. Se pararmos para analisar, no meu caso o 3, 4 e 5: "Ovelha negra da família" remete ao fato de que tudo que é relacionado à negritude é "ruim", "impróprio" ou "imoral". Por exemplo: numa família inteira heterossexual, apenas uma pessoa é homossexual, portanto, ela é considerada a ovelha negra da família, pois para os padrões da família tradicional brasileira ela é uma pessoa esdrúxula e pecaminosa. Este exemplo é bem comum atualmente.

     Na 4°: "Gato preto é do mal", podendo também ser um símbolo de azar, segue a mesma linha de raciocínio do tópico anterior. Por que a cor de um animal influenciaria no jogo de sorte e azar? Quem pensa assim possui um pensamento bastante antiquado, diga-se de passagem. Sempre inventamos novas expressões que denegrem a minoria, e com o tempo elas vão se espalhando e tornando-se populares, até o ponto em que todos estaremos reproduzindo preconceitos mascarados de "brincadeiras". É de pequenas coisas que a opressão se fortalece. Mesmo sabendo que não tinha cabimento, eu continuava dizendo essa frase, afinal, estava na moda; "larga de ser brega, é só zoeira". No entanto, pasmem, até a zoeira tem limites. 

     Na 5°; "Não sou tuas negas", temos uma mescla de machismo e racismo. Essa frase é bastante usada da seguinte maneira; uma mulher é desrespeitada por um homem, sente-se indignada e diz: "me respeita que eu não sou tuas negas." Afirmando isso, fazemos alusão ao período da Escravidão, onde as escravas (negras) eram comandadas por seus senhores (brancos). Sendo assim, eles podiam fazer o que quisessem com elas - bater, xingar, estuprar -  que ainda estaria no direito deles. Percebem que mesmo sem querer alimentamos a cultura opressora?!

     Parece clichê e repetitivo alertar sobre o racismo nos dias de hoje, mas os resquícios da Escravidão e consequentemente do predomínio de uma etnia sobre a outra infelizmente ainda estão presentes em nossa sociedade, e demorará anos (talvez séculos) para alcançarmos a igualdade plena. O policiamento deve começar em cada um de nós, a partir do momento em que começamos a questionar atitudes aparentemente sem mal algum, percebemos que, como diria Shakespeare, "Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a tua vã filosofia."

     Da mesma forma que eu percebi o erro e mudei minhas atitudes, eu espero que vocês também percebam. Que enxerguem. E que também sejam capazes de ser seres humanos em constante mudança.


     Comentem suas opiniões que eu estarei disposta a ouvir. Beijão, até a próxima!

Post por: Marcela Carvalho.

Resenha: Pausa (Slammed)

Resenha Pausa (Slammed) 



Título: Pausa (Slammed)

Autor: Colleen Hoover 

Páginas: 304

Editora: Galera Record 

Lançamento: 2013

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "Destinados um ao outro, Layken e Will superaram os obstáculos que ameaçavam seu amor. Mas estão prestes a aprender, no entanto, que aquilo que os uniu pode se transformar, justamente, na razão de sua separação. O amor pode não ser o bastante.
Depois de testado por tragédias, proibições e desencontros, o relacionamento de Layken e Will enfrenta novos desafios. Talvez a poesia desse casal acabe num verão solitário… Sem direito a rimas ou ritmo. A ex-namorada de Will retorna arrependida de ter deixado o rapaz. E está disposta a tudo para reconquistá-lo. Insegura, Layken começa a ler novas reações no comportamento do rapaz. E na insistência para adiar a "primeira vez" de ambos.
Presos em uma ironia cruel do destino, eles precisam descobrir se o que sentem é verdadeiro ou fruto da extraordinária situação que os uniu. Será que é amor? Ou apenas compaixão? Layken passa a questionar a base de seu relacionamento com Will. E ele precisa provar seu amor para uma garota que parece não conseguir parar de "esculpir abóboras". Mas quando tudo parece resolvido, o casal se depara com um desafio ainda maior – e que talvez mude não só suas vidas, mas também as vidas de todos que dependem deles." 

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     Na continuação de Métrica, Pausa nos traz tudo que aconteceu na vida de Will e Lake após mais uma tragédia (!) ; o falecimento de Júlia (mãe de Lake). E dessa vez é tudo na perspectiva do Will. Confesso que de início não aceitei muito bem a troca de visão, mas depois percebi que isso foi um diferencial necessário e adscritivo.

     Agora o jovem casal encontra-se na mesma situação, e ambos fazem o máximo possível para lidar com todas as responsabilidades e sacrifícios que precisam enfrentar - contudo, mais unidos do que nunca.

"Se eu fosse um carpinteiro, eu construiria para você uma janela para minha alma. Mas eu deixaria a janela fechada e trancada, assim, toda vez que você tentasse olhar para ela... Tudo o que veria seria seu próprio reflexo. Você veria que minha alma, é um reflexo de você." 

Pausa - pág. 64

     Mas Júlia não os deixaria na mão, ela preparou uma surpresa para que o casal pudesse se orientar após a morte dela, e cada bilhete, cada frase... Encaixa-se tanto no momento e podem ser usados para qualquer ocasião da vida que deixa o leitor encantado. Colleen Hoover parece ser especialista em criar personagens cativantes, como se não bastasse Will, Kel, Caulder, Eddie e Gavin... A autora nos apresenta Kiersten (uma garotinha de 11 anos super inteligente e profunda que logo se torna amiguinha de Kel e Caulder e vai conquistando todo mundo aos poucos com seu jeito sincero e maduro para tão pouca idade), e Sherry (mãe da personagem anterior, tão fascinante quanto a filha e se torna notório a quem Kiersten puxou), as novas moradoras da vizinhança. 

       Pausa é mais descontraído que Métrica, e há uma alternância entre os momentos que exigem carga emocional e os momentos mais divertidos. Mesmo tendo havido uma melhora relevante na relação personagem/leitor, o livro não perde a leveza e simplicidade da série Slammed. E, pasmem, o que mais me agradou no livro como um todo foi a personagem Kiersten, porque simplesmente me vi nela e em suas filosofias - mesmo eu sendo apenas 2 anos mais velha.

"Ela diz que se todos falassem mais palavrões, eles deixariam de ser considerados palavrões e ninguém mais ficaria ofendido com eles... É mais como se ela estivesse nos incentivando a sabotar um sistema que é defeituoso por causa do uso exagerado de palavras interpretadas como xingamentos, quando na verdade são apenas letras misturadas, como qualquer outra palavra. É só isso que elas são, letras misturadas... E se algum dia alguém decidisse que "borboleta" é um palavrão?... A palavra mesmo não significa nada. É o sentido negativo que as pessoas associam a ela que a transforma. Então se a gente simplesmente decidisse continuar falando "borboleta" o tempo inteiro, as pessoas não ligariam mais."

Pausa - pág. 18/19 

     Vaughn, a ex-namorada de Will, acaba ficando na mesma turma da faculdade que ele, e então ela decide reconquistá-lo por ter tomado decisões errôneas no passado. Não tendo opção, para Will só resta ignorar suas investidas, mas chega um ponto em que isso não mais é possível e Lake descobre tudo - de maneira errada -, e daí por diante tudo vai por água abaixo. Os questionamentos e a indecisão começam a tomar conta dela, e Will precisa provar que a ama deveras.

     Achei o surgimento de Vaughn desnecessário, assim como uma última tragédia deixada para o final do livro. Ao concluir a leitura, só conseguia me perguntar: "quantas tragédias uma pessoa é capaz de aguentar?".

     Acredito que Métrica não precisava de continuação, já estava completo e belo o suficiente. Porém foi bom "rever" os personagens e a poesia Slam. Vale a pena.

     Recomendo para quem gostou de Métrica, para os amantes de romance e poesia, e quem procura uma distração rápida mas marcante.

TOP FRASES 

"O amor é a coisa mais bela do mundo. Infelizmente, também é uma das coisas mais difíceis de se manter, assim como uma das mais fáceis de se desperdiçar." 

"Amo você por causa de você. Por causa de todas as mínimas coisas que você é." 

"Eu precisava que ela me conhecesse de verdade, que compreendesse quem eu era antes de prosseguirmos. Enquanto ela assistia à primeira apresentação da noite, eu não conseguia tirar os olhos dela. Eu via o sentimento e intensidade com que ela observava o palco, e me apaixonei. Eu a amei todos os segundos desde então."

"Quanto mais você escreve, mais fácil fica. Quanto mais o escrever flui, menos preocupações. Não é para o colégio, não é para receber nota, é só para você colocar seus pensamentos para fora. Você sabe que eles querem sair. Então persista. Pratique. E escreva mal." 

"É como se você tivesse chegado e despertado minha alma."

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

Resenha por: Marcela Carvalho.

5 Livros de Drama que todo mundo deveria ler

5 Livros de Drama que todo mundo deveria ler 

     Olá, amores. Tudo na paz? Eu espero que sim. Sou completamente apaixonada por tudo que envolva drama, pois a dor dos personagens parecem mais reais e inexoravelmente você é tocado pela história. Portanto, neste post trago-lhes alguns livros do gênero dramático que todo mundo precisa ler, dentre tantos livros fantásticos eu tive que escolher apenas 5, segue a lista:

5 - Hamlet (William Shakespeare)

     "Falar de drama é falar de teatro", já dizia o ditado. Você certamente já ouviu falar de Hamlet; basta lembrar da famosa frase:  "Ser ou não ser? Eis a questão."

     O livro conta a indecisão do príncipe Hamlet e suas tentativas de vingar seu pai - o antigo rei - matando seu tio Cláudio, o qual supostamente envenenou o irmão para assumir o trono, subsequente casando-se  com a rainha. Mas não é só isso, ele também aborda temas polêmicos, tais como Incesto, Traição, Vingança e Insanidade.

     Apesar da escrita complexa de Shakespeare, após passar das primeiras páginas o leitor vai se adequando à leitura.

     "Há mais coisas entre o céu e a terra, Horácio, do que sonha a tua vã filosofia." - Hamlet.

4 - As vantagens de ser invisível (Stephen Chbosky)

     O livro é passado através de cartas que Charlie manda para um amigo "oculto", nessas cartas ele conta um pouco de sua vida de maneira geral; seu dia-a-dia, seus novos amigos, o que acontecera na escola, descobertas da adolescência e muito mais. Tornamo-nos íntimos do personagem.

     "E nesse momento, eu juro. Nos somos infinitos." - As vantagens de ser invisível.

     Quer saber mais? Há uma resenha sobre ele aqui no blog ( http://aventurasleitor.blogspot.com.br/2015/01/resenha-as-vantagens-de-ser-invisivel.html?m=0 ).

     E lembre-se: "A gente aceita o amor que acha que merece." 

3 - Quem é você, Alasca? (John Green) 

     Meu livro preferido do John Green. 

     Ele conta a história de Miles Halter, um garoto antissocial decorador de últimas palavras, que decide ir para um internato em busca do seu Grande Talvez a fim de trocar sua vida pacata por novas aventuras. Lá ele conhece a misteriosa Alasca Young, e a garota faz com que sua vida mude para sempre. Também há personagens carismáticos que roubam a cena, como Coronel, Takumi e Lara.

     "Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então eu voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu seria garoa e ela, um furacão."

     Confere a resenha de mais uma obra maravilhosa do John Green: http://aventurasleitor.blogspot.com.br/2016/01/resenha-quem-e-voce-alasca.html?m=1

     Certamente você não irá esquecer-se desse livro tão cedo.

     "Passamos a vida inteira presos no labirinto, pensando em como vamos escapar dele um dia, e como vai ser quando fizermos isso, e imaginando o que o futuro guarda para nós, mas nunca conseguimos de fato sair. Só usamos o futuro para fugir do presente." 

2 - Os 13 Porquês (Jay Asher) 

     "Olá meninos e meninas. Quem fala aqui é Hannah Baker. Ao vivo e em estéreo. Sem promessas de retorno. Sem bis. E, desta vez, sem atender aos pedidos da plateia. Espero que vocês estejam prontos, porque vou contar aqui a história da minha vida. Mais especificamente, por que ela chegou ao fim. E, se estiver escutando essas fitas, você é um dos motivos."

     Hannah Baker é uma adolescente do Ensino Médio que, após uma série de acontecimentos e fatos, comete suicídio. E que motivos seriam esses? Ela deixa tudo registrado em sete fitas cassete, enumeradas de 1 a 13.

     Clay é um garoto da turma de Hannah que nutria uma secreta paixão por ela, Clay não poderia imaginar como estaria envolvido na morte da garota, até ele ouvir a fita destinada para ele.

     Os 13 Porquês é um dos livros mais sensacionais que já li, faz-nos repensar nossas atitudes, principalmente durante o colegial. Sem dúvidas único e marcante.

     "Ao me conscientizar de que ninguém sabia a verdade a respeito da minha vida, meus pensamentos sobre o mundo ficaram abalados.
Como se estivesse dirigindo por uma estrada acidentada e perdendo o controle do volante, sendo jogada - só um pouquinho - para fora da pista. As rodas levantam poeira, mas você consegue puxar o carro de volta. Mesmo assim, não importa que esteja segurando bem firme no volante, não importa o quanto esteja se esforçando para tentar guiar em linha reta, algo fica empurrando você para o lado. Você já não tem quase mais nenhum controle sobre nada. E, a certa altura, a luta se torna excessiva - cansativa demais - e você considera a possibilidade de largar tudo. De deixar acontecer uma tragédia… ou seja lá o que for."


1 - Menino de Ouro (Abigail Tartellin)

     Como uma boa amante de drama, foi difícil escolher o número 1. Não sei se por ser o primeiro livro a abordar a Intersexualidade, ou por eu ter me apegado bastante aos personagens, ou até mesmo por abrir espaço para tantos assuntos polêmicos (estupro, sexualidade, aborto, etc.) mas o escolhido foi Menino de Ouro.

     Max Walker aparentemente é o adolescente perfeito; inteligente, bonito, namorador, atleta, obediente, amigo e filho esforçado. Estaria tudo realmente perfeito, se ele não tivesse um segredo arrebatador... Max é um Intersexual, isto é, pessoa que nasceu com ambos os sistemas reprodutores, ou parte de um e de outro, ou o predomínio de um sobre o outro; grosseiramente falando um Hemarfrodita. Ele nasceu com as duas combinações de cromossomos: 46xx e 46xy. Max está entre os dois sexos, não é nem menina, nem menino - mas fora criado como sendo do sexo masculino. Até então ele não havia tido que lidar com a complexidade de sua condição, mas, pouco antes de seu aniversário de 16 anos, um acontecimento horrendo relacionado com uma das poucas pessoas que sabiam do seu segredo traz de volta tudo que ele e sua família estavam adiando.

     "As pessoas não sabem como tratar quando você é meio isso e meio aquilo. Eles acham que você vai fazer merda com a cabeça deles e corromper suas crianças e seus adolescentes... Coisas assim..."

     Emocionante, único, chocante, reflexivo e marcante.

      Confira a resenha aqui: http://aventurasleitor.blogspot.com.br/2016/01/resenha-menino-de-ouro.html?m=1 

     "Eu nunca havia pensado antes sobre como a vida é tão acidental, como ela pode ser tão fácil e rapidamente criada e se acabar de repente, no espaço de minutos. Isso me faz apreciar tudo muito mais, mas também me faz pensar sobre quanto do nosso destino é definido pelo acaso, e quantos pequenos acidentes tiveram que acontecer para me fazer o que e quem eu sou."

     E aí, já leu algum dos livros citados acima? Conta para gente o que você achou! Se não, corre para ler que vale muito a pena. Beijão, até a próxima!

Post por: Marcela Carvalho.

Resenha: Romeu e Julieta

Resenha Romeu e Julieta 

Título: Romeu e Julieta  (Romeu and Julieta)

Autor: William Shakespeare 

Páginas: 63

Editora: L&PM Editores 

Lançamento: 2011 (este ano diz respeito à publicação adaptada da coleção "É só o começo", e não aos escritos em si. Pois não se sabe ao certo o ano em que Shakespeare os escreveu).

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "Romeu e Julieta é uma das mais famosas histórias de amor da literatura. Ela se passa na cidade italiana de Verona, no século 16. Romeu Montecchio e Julieta Capuleto estão perdidamente apaixonados, mas há uma barreira que impede os dois jovens de ficarem juntos: suas famílias são grandes rivais e não permitem que eles se casem. Mas o ódio entre os Montecchio e os Capuleto não será suficiente para afastar Romeu de Julieta, nesta história que nos faz acreditar no amor eterno.

     O autor do livro é o maior escritor inglês de todos os tempos, William Shakespeare. Sua obra se tornou conhecida por tratar das grandes questões da humanidade como o amor, a inveja, o ódio e a sede pelo poder." 

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     Há muito tempo eu venho querendo ler Romeu e Julieta, a obra mais conhecida de Shakespeare. Do autor eu li apenas Hamlet - amo, a trama é fantástica -, mesmo sabendo a estória de cor e já tendo assistido ao filme, peguei Romeu e Julieta na biblioteca da escola e li assim que cheguei em casa, numa passada só.

     Embora sejam de dinastias rivais, os jovens encontram-se pela primeira vez numa festa realizada pelos Capuleto - família de Julieta -, à qual Romeu não foi convidado e entrou de penetra de olho numa outra garota. Mas, quando ele vê Julieta, a paixão arrebatadora nasce, tanto nele, quanto nela. Uma paixão instantânea.

     Entre encontros escondidos e brigas entre as duas famílias, o amor dos dois cresce e eles se encontram dispostos a fazer qualquer coisa para ficarem juntos, mesmo que isso ultrapasse as barreiras de ódio estabelecidas entre as dinastias.

"Nos seus olhos, eu vejo muito mais perigo do que em vinte punhais que eles possam carregar."

Romeu e Julieta - pág. 24

     Com a ajuda do Frei Lourenço, eles casam-se às escondidas. Depois disso é só conflito seguido de conflito. Não vou me estender no enredo, porque esta é uma obra mais que conhecida.

     Algumas coisas me incomodaram bastante:

1. Julieta tem 13 anos, Romeu por volta dos 18 ~pedofilia~. E em certo ponto do livro o pai obriga a criança a casar-se com Páris, igualmente mais velho que Julieta.

2. O machismo presente em boa parte do livro.

3. A edição adaptada cortou muitas partes importantes da estória, a sensação que eu tive foi de que estava lendo um resumo da obra.

     Entretanto, é preciso considerar o contexto histórico de Romeu e Julieta; a estória é passada no Século 16, onde as mulheres ainda eram muito subordinadas aos homens, muitas vezes sendo obrigadas a casar-se e tornar-se mãe antes dos 15 anos, sendo uma atitude considerada normal daquela época,  e os casamentos eram organizados puramente por interesse.

     Li o livro da coleção É só o começo da editora L&PM, onde ele é adaptado e restaurado para uma melhor compreensão do leitor. Para quem está começando a ler livros do gênero e não está acostumado com a linguagem rebuscada, a editora acertou em cheio. Porém, eu preferia o original. Quando li Hamlet, tive uma certa dificuldade no início, ainda mais por ser em formato de peça, mas depois me acostumei. Então, não tenham medo de Shakespeare. A linguagem dessa edição está super compreensível, tendo algumas observações desnecessárias, como por exemplo a do cupido. Também há ilustrações super fofas, e não está no formato de peça; está em prosa.

     Embora o final não tenha sido nenhuma surpresa, ainda assim foi maravilhoso. Demonstrando toda a genialidade de William Shakespeare. É tão comum, mesmo nos dias de hoje, ver amores sendo interrompidos por causa de limitações políticas, desaprovação dos pais, distância, etc. E não se trata apenas de uma dramática história de amor; o livro nos mostra até que ponto o ódio, a inveja e a sede pelo poder absoluto podem atrapalhar nossas vidas, resultando muitas vezes em tragédias. Quando há reconciliação, chega a ser tarde demais. Em consequência de desavenças políticas, Montecchio e Capuleto acabam perdendo seus bens mais preciosos; os filhos.

"Minha tristeza é não ter aquilo que ia fazer as minhas horas correrem depressa."

Romeu e Julieta - pág. 12

     O amor impossível dos jovens é passado num curto período de tempo - apaixonados desesperados - e dá para ler bem rapidinho, em duas horas, no máximo. Para maior conforto, as folhas poderiam ter sido amarelas.

     Gostei bastante desta leitura, apesar de tudo. As tragédias de Shakespeare são sensacionais. Recomendo para quem quer iniciar pelas obras de Shakespeare, para quem gosta de drama, teatro e amores impossíveis. E para quem não quer ler clássicos desse estilo por causa da linguagem rebuscada; É só o começo está aí para te ajudar. 

TOP FRASES 

"O amor é isso mesmo, o amor é transgressão."

"Aproveite para examinar o rapaz, como se ele fosse um livro, começando pela capa, que é o rosto dele, e que é bem bonito. Procure ver se no interior está escondida alguma coisa obscura. Só é bonito aquilo que guarda alguma coisa dentro de si."

"Só ri de uma cicatriz quem nunca foi ferido."

"Se amor é cego, nunca acerta o alvo."

"Você acha mesmo que o amor é uma coisa agradável, Mercúrio? O amor é duro e brutal. Fere como espinho."

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

Resenha por: Marcela Carvalho.