domingo, 24 de abril de 2016

Resenha: Os senhores de Roma: César

Resenha - Os senhores de Roma: César 

Título: Os senhores de Roma: César 

Autor: Allan Massie 

Páginas: 302

Editora: Ediouro 

Lançamento: 2000

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "Neste magnífico romance histórico de Allan Massie, César surge a partir do olhar de um de seus mais diletos companheiros, Decimus Junius Brutus Albinus. Frente à morte iminente, à espera de sua execução, como que para justificar seu gesto ante a posteridade, Brutus relembra os momentos cruciais que viveu ao lado de César, de cujo assassinato acabou participando. "Até tu, meu filho", foram as últimas palavras do incrédulo ditador, ao ver, dentre seus assassinos, aquele de quem fora mentor e em quem tanto confiava."

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     "Uma obra-prima do romance histórico", afirmou Gore Vidal. E eu não discordo. Sob a perspectiva de um dos conspiradores da morte de César, Décimo Bruto, o livro envereda pela Roma de anos antes de Cristo. Mostrando-nos como ela funcionava e como era a vida de figuras históricas como César, Marco Antônio,  Cícero, Otávio - mais tarde Augusto -, e até mesmo Cleópatra. Massie conseguiu retratar o cotidiano dos romanos, os costumes, as referências à religião e, acima de tudo, o patriotismo, o amor à República e ao Senado, o que fora motivo de muitas guerras e batalhas.

     A história é bastante conhecida; um militar romano que consegue se tornar imperador por conta de esquemas políticos e, ao final (idos de março) morre pelas mão de seu fiel companheiro Brutus. Caio Júlio César era um homem egocêntrico, antipático quanto ao modo de pensar de outras pessoas, insensível quanto às memórias do passado e principalmente maquiavélico. Mas não se pode negar que ele era um gênio. Soube entender e dominar as massas, fazendo-os acreditarem que ele era quase como um deus - e ele próprio também acreditava nisto. Sedutor, teve todos os companheiros e companheiras que desejou. No entanto, teve que pagar com a própria vida sua desmedida ambição, e seu governo ditatorial durou somente 4 anos.

""Conhece-te a ti mesmo" - é a soma da sabedoria oferecida pelos filósofos, e poucos de nós nos conhecemos, ainda que superficialmente. Talvez seja esta a sabedoria maior. Pois nesta revelação a mim outorgada, da forma de união que eu desejava, eu soube, mesmo pulsando de impaciente luxúria, que me rendia a uma parte de mim mesmo, talvez ao mais profundo da minha natureza, que me tornaria objeto de escárnio e desprezo de todos os homens virtuosos. Eu me senti horrorizado com o que aprendi sobre o meu próprio caráter, mas era inevitável que, com os colhões em fogo, me apresentasse aquela noite na casa dela."

Os senhores de Roma: César - pág. 72

     Mas a história do Ditador Perpétuo é mais fascinante ainda. Diz uma lenda que César, em seu nascimento, era tão grande que o ventre de sua mãe teve que ser rasgado para que ele não morresse. Surgia, então, a cesariana. Eis a primeira marca de um predestinado. Hoje, até o mais simples afazer de qualquer indivíduo do Ocidente está à sua sombra. Acordamos, trabalhamos e vivemos sob influência desse homem capaz de ser tão implacável quanto conciliador. A contagem dos nossos dias provém do calendário Juliano, uma das adaptações que Júlio César implementou para que as datas comemorativas dedicadas aos deuses estivessem em harmonia com as estações climáticas do ano.

     Por se tratar de memórias, o livro é, de certa forma, parado e cansativo. Dito isto, demorei mais que o normal para lê-lo. Acreditei que as batalhas seriam detalhadas, mas não ocorreu.

"Se perguntassem por quê, eu não saberia responder ao certo. Quando leio os escritos dos historiadores, me espanta a certeza com que eles afirmam o motivo das ações. É curioso que saibam coisas assim, quando poucos poderiam dizer com igual certeza por que se apaixonam por uma mulher ou por um rapaz."

Os senhores de Roma: César - pág. 23

     A escrita do Allan Massie é bastante leve e agradável, e ele acertou em cheio ao retratar à sua maneira as intrigas, paixões arrebatadoras, sexo, guerras e campanhas políticas e militares. Não tenho muito o que reclamar da 4° edição, muito embora tenha achado alguns erros. Aprovei a capa e a diagramação. Não segue muito o que costumo ler, mas gostei bastante. Através dele podemos entender um pouco melhor a história de Roma e abrangentes.

     Recomendo para quem gosta de história, quem quer uma leitura diferente e inovadora, ou simplesmente um passatempo que acrescente algo a mais.

TOP FRASES 

"Jamais confiei num homem surdo à poesia."

"Que coisa estranha é o amor, esta palavra que empregamos normalmente como eufemismo para o desejo sexual." 

"Somos atraídos pelo que nos aterroriza e nos repugna."

"A verdade é, como sempre, complicada: jamais podemos recapturar nossas emoções exatas e a evocação de eventos passados é sempre colorida pelo que aconteceu desde então."

"Olhe as estrelas, Ratinho, olhe as estrelas! Fixe o olhar nas estrelas! Há uma regra de ouro na vida e na política. O homem que esquece as estrelas não é favorecido pelo Destino. Está fadado a combates miúdos, capaz apenas de uma visão curta das coisas. As estrelas são minhas amigas, Ratinho! Diante da tentação de desesperar, basta contemplar uma noite como esta para recobrar o tom de equilíbrio e confiança da mente. Serenidade..."

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

Resenha por: Marcela Carvalho

Resenha: Em Busca das Borboletas- Volume I

Resenha - Em Busca das Borboletas - Volume I 

Título: Em Busca das Borboletas - Volume I 

Autor: Margarida Pizarro 

Páginas: 444

Editora: Chiado (Parceira)

Lançamento: 2014

UM POUCO SOBRE O LIVRO: 

Sinopse: "Maria Mendes, é uma luso-americana apaixonada por moda que decide mudar-se para Nova York em busca dos seus sonhos.
Inseparável das suas melhores amigas Joan e Alicia, Maria vive uma amizade com laços profundos impossíveis de ser quebrados, onde as suas vidas entrelaçam-se em momentos lindos e hilariantes.
O seu mundo aparentemente perfeito e de paz é alterado quando conhece o sexy e irresistível futuro candidato a Mayor, Dale Sloan. Sem conseguirem evitar, apaixonam-se perdidamente vivendo uma intensa história de amor.
Mas as diferenças entre os seus mundos podem ameaçar a sua felicidade, manchando com dúvidas o futuro a dois que eles tanto ansiavam viver. Será que o amor vence todas as barreiras?
Um romance que nos faz entrar, ao mesmo tempo, no mundo mágico da moda e na realidade viciante da política americana. Alegria, drama, ação, suspense, diversão, paixão e muito amor numa história mágica que nos leva a rir e a chorar."

AVALIAÇÃO CRÍTICA 

     A princípio, gostaria de falar acerca da capa, que foi o que mais me chamou a atenção juntamente com o pretensioso título. Ambos são fofos e sobretudo, apropriados. Dizendo-nos muito sobre a estória. 

     Maria Mendes é uma Portuguesa de 22 anos apaixonada por moda que acaba indo morar em Nova York visando o seu maior sonho que é trabalhar no ramo da moda. Relativamente rápido ela o alcança, conseguindo um emprego na famigerada revista Fashion, e melhor ainda: ao lado de sua querida amiga Alícia.

     A amizade é algo marcante neste livro, e demasiadamente valorizada. As melhores amigas da Maria são Alícia e Joan, e juntas elas formam As três mosqueteiras - apelido esse dado por elas próprias. Alícia é aquela amiga louca e inconsequente que todo mundo tem, que sabe aproveitar deveras o momento, naturalmente sincera, companheira e engraçada, contagiando o mundo à sua volta com seu carisma e bom-humor. A protagonista é a Maria, mas Alícia sem dúvidas roubou todas as cenas. Dito isso, elego-a como minha personagem preferida. Joan é mais pacífica, responsável e carinhosa, fazendo muitas vezes o papel de cupido da Maria. A amizade das três é verdadeira, apaixonante e altamente invejável. 

"As minhas mosqueteiras eram o meu cantinho de céu. Ali ficámos na conversa, como sempre, esquecendo o mundo à nossa volta. Era sempre assim quando nos juntávamos. Sentia que, com elas, conseguia esquecer o mundo e os problemas à nossa volta, pois a forma como partilhávamos os nossos momentos era tão verdadeira e tão intensa que nos levava a sentir que, ali as três juntas, tínhamos o nosso porto de abrigo."

Em Busca das Borboletas - Volume I - pág. 342

     Introduzida na revista Fashion, ela conhece o diretor de Recursos Humanos denominado Alan, chamado por todos de "deus grego", tendo em vista sua excepcional beleza e charme. Eles iniciam um relacionamento polêmico, mas que logo chega ao fim, pois Maria percebe que sente por ele nada mais que carinho e admiração.

      Não tardando ela conhece o irresistível Dale Sloan, filho do Senador, em pleno casamento de sua mosqueteira Joan. Mesmo com os obstáculos que a vida tenta os impôr eles dão início a um namoro, e Dale logo se torna seu bad boy. Dale carrega toda uma fama de mulherengo, e, além disso, eles precisam lidar com as intervenções de invejosos, desentendimentos com o Senador e a vida política de Dale. E é aí que ficamos apreensivos para saber se o amor de ambos é capaz de superar todas as barreiras.

     Notoriamente um romance clichê, Em Busca das Borboletas traz as evidências de um primeiro amor arrebatador e fofo, sendo de todo simples. Não há nada de extraordinário, e isso fez com que eu o amasse em alguns momentos, e o odiasse em outros. 

"Batemos com o olhar ardente e apaixonado um do outro e percebia naquele instante que aquele ia ser o momento pelo qual sonhei toda a minha vida e eu sabia que, acontecesse o que acontecesse, ele era o homem certo no momento certo. Eu queria entregar-me verdadeiramente e de uma forma completa àquele homem, o homem por quem eu estava perdidamente apaixonada pela primeira vez. E assim o fiz. Entreguei-me de corpo, porque de alma já me tinha entregado desde o primeiro dia que o conhecera." 

Em Busca das Borboletas - Volume I - pág. 234 

     Os personagens masculinos tem o mesmo padrão: todos são incrivelmente lindos, charmosos, ricos e irresistíveis. Não há muita diferença entre Alan, Dale, Harry (namorado da Alícia, tendo se conhecido também no casamento) e Thomas (marido da Joan). Já as mulheres seguem os estereótipos do gênero feminino: são totalmente femininas, apaixonadas por moda, maquiagem e compras, delicadas e preocupadas totalmente com a beleza. Outra coisa que também me incomodou foi o machismo inerente em algumas partes da estória, como por exemplo num almoço familiar onde os homens jogam cartas enquanto as mulheres cuidam da cozinha, ou outra ocasião onde os homens conversam despreocupadamente enquanto as mulheres põe a mesa.

     Maria Mendes é uma personagem carismática, extremamente bonita, sensível, simpática, teimosa, envolvente e bem construída, mesmo em alguns momentos eu tendo achado algumas atitudes dela hipócritas. 

     Margarida Pizarro enriqueceu o livro ao pôr sempre músicas como espelho dos acontecimentos e sentimentos dos personagens, sejam elas Portuguesas, Brasileiras, Americanas ou tantas outras. Isso me agradou muito. A autora descreve detalhadamente os modelitos dos personagens, pondo inclusive as marcas e tudo o mais, o que pode ser maravilhoso para quem se encanta por moda. 

     O final foi bem pensado e de deixar qualquer um morrendo de curiosidade, querendo ler o Volume II imediatamente - como eu me encontro agora, por sinal. 

     A escrita dela é extremamente fluída, daquelas que faz-nos surpreender pela quantidade de páginas lidas em pouco tempo. Embora tenha 444 páginas, é um livro que pode ser lido rapidamente. Em nenhum momento tive que recorrer a dicionários ou ao Google por conta da linguagem  - português de Portugal -, e alguns termos podem ser assimilados facilmente de acordo com o contexto. 
     
     Em Busca das Borboletas é simples, fofo e que acima de tudo valoriza felizmente a família e a amizade, dando-nos lições sobre estes. A edição está agradável e confortável para leitura, o tamanho das letras e as folhas amareladas também, contendo poucos erros, como falta de espaçamento em alguns locais específicos.

     Recomendo para quem gosta de romances clichês, moda e leituras simples, mas que te prendem à estória e aos personagens. 

TOP FRASES

"A felicidade é como uma borboleta que, quando perseguida, foge das tuas mãos. Mas pode pousar no teu ombro se ficares quieto e imóvel. Às vezes, parece que o destino nos vira a vida do avesso de repente, mas e se o avesso for o nosso lado certo? Eu descobri o meu certo contigo..."

"Nós nunca vamos amar ninguém simplesmente porque queremos. O amor é algo espontâneo que nos apanha quando menos esperamos."

"Tu precisas de um homem que te faça apaixonar perdidamente, que te leve numa aventura, que te leve a arriscar sem olhar para trás e que, acima de tudo, provoque em ti um amor incondicional que faça com que tu queiras trocar o mundo por ele."

"Dizem que as coisas boas vêm com o tempo, mas, para mim, as melhores vêm de repente quando menos esperamos..."

"O Segredo é não correr atrás da borboleta. É cuidar do nosso jardim para que elas venham até nós."

     Interessou-se? Não custa nada dar uma lidinha, né? Depois volta aqui e diga-nos sua opinião sobre o mesmo. Beijão, até a próxima resenha!

*O livro nos foi concedido pela Chiado Editora, nossa primeira parceira.
Resenha por: Marcela Carvalho.