quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

"Não é problema meu!"


    Olá, pessoas. Tudo na paz? Eu espero que sim. Neste post decidi incluir uma de minhas primeiras crônicas; ela trata de um assunto bem comum atualmente.     

    O mundo evoluiu, a tecnologia evoluiu, a comunicação evoluiu, as pessoas evoluíram - e a violência também. Quantas vezes ligamos a televisão e está passando no jornal diversos casos de violência?! Desde um assalto, roubo... Até um estupro e/ou morte. Hoje em dia qualquer coisa - mesmo a mais fútil - é motivo para brigas, discussões, conflitos. As pessoas não conseguem conviver bem socialmente. 

    Se uma mulher usa roupas curtas, é motivo para ser estuprada/assediada. Vale ressaltar que cantada também é assédio. Se uma pessoa torce para um time, que ganhou do seu, é motivo para ser espancada. Se uma pessoa têm gostos diferentes do seu, é motivo para cometer Bullying. Se uma pessoa não é heterossexual, é motivo para ser morta. Realmente não consigo imaginar como a sociedade conseguiu chegar a esse ponto! Será que é tão difícil cuidar apenas da sua vida e respeitar as demais pessoas?

    Agora vamos ao tema central deste post e da crônica. Respondam-me com sinceridade: você está passando na rua e vê uma pessoa sendo espancada, o que você faria? Você está passando na rua e vê uma mulher sendo violentada, homossexuais/transexuais sendo mortos, humilhados, o que você faria? Ligaria para a polícia, tentaria ajudar, pediria socorro... Certo? Errado. 

    Nós sempre achamos que, se está acontecendo com outras pessoas, nós não temos nada a ver com isso... Não é problema nosso. Aí que está o problema: não sabemos o dia de amanhã. Se você estivesse naquela situação, certamente ia querer ser ajudado, não é mesmo? Pense nisso.


Crônica (Só mais um)


    Cassidy voltava da faculdade conversando animadamente com um grupo de amigas enquanto dirigia, mais precisamente 3 mulheres. Todas elas cursavam Administração. Os assuntos eram diversos: trabalho, faculdade, namoro, livros, séries, filmes, futebol, etc. 

- Como está o trabalho, Nycole? - indagou Clarice no banco do passageiro e virou-se para trás, para observar a amiga.

- Tranquilo. Aliás... A Aline parou de dar em cima do Pedro. Tive uma conversinha com ela... - Nycole sorriu de canto, satisfeita.

    Com o relato, todas soltaram uma exclamação, exceto Lorena, que permanecia calada observando as vielas pelas quais passavam.

- Detalhes. Quero detalhes! - disse Cassidy.

    Nycole então começou a contar a história, detalhando o máximo que pôde.

    Começara a chover, obrigando-as a fechar o vidro. Lorena continuava imóvel e impertubável no seu canto, perdida em pensamentos. Onde o Matt deve estar?, pensava ela. Ele não foi à aula hoje e não atendeu minhas ligações, nem mesmo minhas mensagens no Facebook e Whatsapp.

    Ela sentia um crescente mal-estar, uma sensação ruim apoderava-se de seu peito, e ela não sabia o que pensar. Apenas sabia que algo ruim estava para acontecer. Era quase como um presságio, mas ela não tinha coragem de partilhar com suas amigas o ocorrido. Decerto iriam fazer gozação com a mesma, e ela não estava com paciência para certos tipos de brincadeiras.

    O sinal ficou vermelho e Cassidy parou o carro. Ela olhou para trás sentindo falta de alguém... Clarice não. Nycole não. Matt faltou. Lorena!

- Que houve, Lorena? - perguntou e lançou-lhe um olhar preocupado.

    Lorena suspirou.

- Nada. É só q... - antes da loira completar sua frase, gritos abafados cortaram o ar. Elas se entreolharam horrorizadas e voltaram sua atenção para a cena que acontecia numa esquina à direita do carro: três rapazes encapuzados possuindo armas rodeavam um outro que se encontrava ao lado de sua moto, ajoelhado, com as mãos atrás da cabeça.

- Essa voz me é familiar! - Lorena quase gritou, tomada pelo susto.

- Olhem! - dessa vez foi Nycole, apontando atônita para o rapaz que agora era alvo de chutes e pontapés.

    O homem gritou mais uma vez, dessa vez um grito mais estridente, clamando por socorro. Lorena sentiu uma pontada no coração. Quando pensou em descer do veículo, Cassidy arrancou com o carro, tomada pelas buzinadas de meia dúzia de carros atrás dela.

- Vamos ajudá-lo! Chamar a polícia, sei lá! - Lorena se embolou com as palavras, numa falsa esperança de convencer as amigas.

- Só mais um assalto, não temos nada a ver com isso. Cheguemos logo em casa! - disse Clarice.

- Verdade! - as outras concordaram. E Lorena, tomando-se por vencida, assentiu e nenhuma palavra a mais disse. Mas no fundo ela sabia que havia algo errado. Muito errado.

    Noutro dia, as mulheres jantavam em volta da mesa quadrada, assistindo ao Jornal Local.

    Lorena levantou-se da cadeira e foi até a geladeira, pegar o suco de laranja. 

"Ontem a noite, um grupo de bandidos assaltaram, esfaquearam e mataram um rapaz. Ele foi encontrado por um idoso na margem de um rio, a cinco quilômetros do local do crime. Testemunhas afirmam que ele se chama Matthew Fonseca Parker, 22 anos, estudante de Administração..."

    Lorena não precisou escutar mais nada, agora tinha certeza do que acontecera com seu namorado.

    Sentiu-se tonta e, trinta segundos depois, estava desmaiada no chão coberto por cacos de vidro. Seu grande amor se fora, e ela poderia ter evitado. Se não tivesse pensado que era só mais um exemplo de violência... 

       Digam-nos suas opiniões, relatos, critiquem... Beijão, até a próxima matéria!


Matéria por: Marcela Carvalho.

Um comentário:

  1. Pois é! É verdadeiramente engraçado, você entrar em uma rede social e ver tanta gente pregando " amor ao próximo ", e naturalmente sendo tão hipócritas. As pessoas nunca pensam no outro, não se colocam nas situações alheias. Ou apenas acham que se colocam com o velho discurso de " Se fosse eu... Blá, blá ". Se não vai ajudar, se não vai compreender ou fazer algo a respeito. SIMPLESMENTE CALE A BOCA E CUIDE DA PORR# DA SUA VIDA. Não aponte, não julgue, amanhã o " SÓ MAIS UM " pode ser você. ;)

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